Depois de três confinamentos prolongados nos últimos quatorze meses, nesta semana os ingleses comemoraram o início da terceira fase de reabertura do país. A vida normal se aproxima a passos largos após o longo período sem poder sair às compras, sem viajar, sem visitar familiares, sem participar de qualquer atividade social presencial. Em 2020 foram três meses de lockdown de março a junho e dois meses em outubro e novembro. Janeiro de 2021 trouxe o terceiro confinamento, com tudo fechado, desde escolas até restaurantes e hotelaria e funcionando somente o comércio essencial (supermercados e farmácias) até a reabertura parcial em abril quando as lojas e academias reabriram.
A terceira etapa do programa de reabertura, e a mais esperada pela população, aconteceu nesta semana pois desde 17 de maio os britânicos podem viajar de férias. Um sistema de semáforo (verde, laranja e vermelho) indicará os países aos quais os ingleses poderão se deslocar. Por enquanto, são poucos na lista verde, sendo um deles Portugal e é pra lá que a inglesada está indo em massa nas próximas semanas para pegar um solzinho na praia. Brasil, Indía, África do Sul e muitos países da América do Sul estão na lista vermelha e os britânicos não estão autorizados a visitá-los. Na lista laranja encontra-se a maioria dos países europeus e somente viagens essenciais são recomendadas no momento.
A cada três semanas o governo britânico revisará as listas, levando em consideração o número de casos em cada país e nível de vacinação. Espera-se que até julho não haja mais restrições. Os britânicos vacinados, por enquanto, só possuem um cartão de vacina para comprovar imunização enquanto o governo trabalha numa certificação eletrônica. A maioria dos países europeus está aceitando o cartão de vacinação (duas doses) desde que a vacina usada esteja na lista autorizada pela UE, que incluem Pfizer, Oxford/AZ, Moderna e Janssen/Johnson & Johnson.
Nesta semana as redes de hotelaria na Inglaterra finalmente voltaram a acolher hóspedes enquanto bares e restaurantes podem usar áreas internas, além das telas de cinemas, centros de lazer e teatros que também reabriram as portas. E o mais importante de tudo, os ingleses podem agora abraçar-se!
No Reino Unido os setores de gastronomia, turismo, hospedagem e lazer estão entre os mais atingidos pelo coronavírus com estimativa de perda de 600 mil vagas de trabalho durante 2020. Boa parte dos trabalhadores continuam a receber subsídio do governo e acredita-se que as consequências catastróficas no mercado do trabalho serão sentidas a partir do segundo semestre deste ano quando os incentivos do governo diminuirão drasticamente. Por enquanto os ingleses saúdam a volta à normalidade. Desde o simples bate-papo com amigos tomando um chá da tarde, fazendo compras ou assistindo a um espetáculo de teatro, tão apreciado pelos ingleses.
Vacinação
Com mais de 70% da população adulta vacinada com a primeira dose o Reino Unido continua trabalhando pesado na luta contra a Covid. Uma das preocupações do governo é a nova variante indiana que parece bem mais transmissível que a cepa predominante no país. Testagem em massa e vacinação acelerada, principalmente a segunda dose ao grupo acima de 50 anos, é uma das estratégias usadas pelo governo para evitar aumento em internações e mortes devido ao vírus. A fim de impedir a propagação da variante indiana (B1.617.20) o intervalo entre as duas doses da vacina (até então três meses) foi agora reduzido para oito semanas.
Nesta semana eu também fui chamada para minha segunda dose antecipada num dos centros de vacinação da região onde mais de 40 profissionais de saúde administram vacinas contra Covid diariamente. A organização do programa de imunização britânico é surpreendente. O sistema de agendamento online e via mensagem de telefone garante que cada pessoa tenha seu próprio horário de vacinação, evitando desta forma filas prolongadas. O NHS (sistema nacional de saúde britânico) facilita o controle pois toda a população está cadastrada no sistema. Antes de ser vacinada respondi a um questionário sobre minha saúde em geral e em seguida duas enfermeiras conferiram novamente meus dados, indagaram sobre sintomas durante a primeira dose e num instante já estava imunizada com a segunda dose da vacina Oxford/Astrazeneca!
Atualmente estão sendo administradas três vacinas no Reino Unido: Pfizer, que foi a primeira a ser usada no país, em dezembro passado; Oxford/Astrazeneca e Moderna. Recentemente as autoridades de saúde do país alteraram o protocolo de administração da Oxford/AZ e não a recomendam para pessoas abaixo de 40 anos. Para gestantes é recomendada Pfizer ou Moderna.