Logo que cheguei na Inglaterra, há quase trinta anos, a região do sul de Londres era formada por bairros pouco desejados pelos londrinos, considerada uma zona portuária suja. As últimas três décadas, no entanto, trouxeram prosperidade e qualidade de vida pelos distritos recortados pelo rio Tâmisa. O Canary Wharf é um desses bairros que mal existia nos anos 90. Ao longo dos anos se transformou no centro financeiro da capital, além de contar com apartamentos luxuosos nos prédios residenciais mais cobiçados de Londres.
A história do bairro remonta aos final de 1700, quando o local era um dos portos mais importantes do mundo, empregando até 50 mil pessoas. O nome Canary Wharf deriva justamente desta conexão portuária e significa cais canário, com referência às ilhas Canárias na Espanha de onde chegavam os navios carregados de frutas e verduras para alegrar a mesa dos ingleses durante os séculos XVIII e XIX. Das docas de outrora pouco se vê hoje em dia nesta minicidade circundada por água. Localizado no Isle of Dogs (Ilha dos Cachorros), o bairro é conhecido pelo conjunto de arranha-céus empresariais e residenciais que formam no horizonte um brilho inconfundível a ser contemplado por toda cidade. O local é muito bem conectado com o transporte público através de metrô e linhas de trem. A mais nova linha de metrô em Londres e ainda em construção, a Elizabeth line, passa pelo bairro e promove viagens muito rápidas atravessando a capital de uma ponta a outra.
Durante o passeio ao Canary Wharf não faltam locais para dar uma paradinha e contemplar os prédios refletindo nas águas turvas do Tâmisa. O museu das Docas de Londres é uma ótima atração para voltar no tempo e descobrir a história do porto. A minha parada favorita foi no jardim de inverno construído em cima da linha de metrô (Crossrail). Neste pequeno paraíso rodeado por construções espelhadas, encontramos um oásis verdejante. Ao som dos passarinhos, caminhamos entre arbustos e canteiros floridos. A linha do meridiano corta o jardim em dois hemisférios, leste e oeste, e assim de um lado contemplamos plantas exóticas e do outro, árvores e folhagens maravilhosas. Samambaias, bambus, camélias, plantas japonesas e tanto verde transformam este jardim de inverno, localizado no terceiro andar da estação, num santuário botânico subtropical.

Espalhados entre um prédio e outro e pelas praças do bairro, encontram-se mais de 75 peças de esculturas e obras arquitetônicas integradas, constituindo a maior coleção de arte ao ar livre de Londres. A trilha é aberta ao público com entrada gratuita. Durante o inverno, de dezembro a fevereiro, o bairro fica brilhante com o festival de luzes que acontece no local anualmente. Patinação no gelo é outro atrativo para os meses mais frios. Pra quem gosta de pedalar, as bicicletas de aluguel são uma ótima opção. Durante nosso passeio aproveitamos para pedalar um pouco, ainda que o ventinho gelado cortava no rosto. Dezenas de bares e restaurantes oferecem cardápios deliciosos que agradam desde a geração mais jovem até os mais velhos e famílias com crianças. No subsolo do complexo da estação encontra-se um centro comercial espalhado por três andares, uma tentação para quem gosta de curtir vitrines e fazer umas comprinhas enquanto passeia pela capital britânica.
Se no início dos anos 2000 Canary Wharf era um reduto de engravatados e mais parecia um parque corporativo, hoje em dia o bairro atrai muitos visitantes e famílias que escolhem morar no bairro. E para quem está planejando uma visita a Londres, vale a pena colocar no roteiro uma visita a este bairro envidraçado da capital britânica!

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