Praça da Catedral
Praça da Catedral

Com território quatro vezes menor que o estado do Rio Grande do Sul, a Lituânia faz fronteira com a Polônia, Bielorrússia, Letônia e o território de Kaliningrado (pertencente à Rússia). Este pequeno país no norte da Europa passa desapercebido no mapa mundial mas sua história é incrivelmente rica. Ao lado de outros dois pequenos países – Letônia e Estônia – a Lituânia completa o trio do mar Báltico.

Mencionada pela primeira vez em anais de 1009, a Lituânia cresceu até se tornar uma nação expressiva na Idade Média. Era um reino pagão fundado no século XIII pelo rei Mindaugas, formando o Grão-Ducado da Lituânia e a criação de Vilnius. Foi no final do século XIV que a capital se transformou num centro medieval cujo charme se mantém até os dias de hoje.

Vilnius iluminada

Durante séculos lituanos e poloneses formaram uma das alianças mais poderosas do leste europeu, cobrindo o continente de norte a sul, entre o mar Báltico e o mar Negro, extinguindo com coragem e bravura a expansão germânica durante a Idade Média. Durante o século XVI, quando o Brasil estava ainda sendo descoberto, aqui na capital lituana era fundada a Universidade de Vilnius, um dos grandes centros de ensino científico da Europa. Vilnius prosperava de maneira triunfante.

No entanto, em meio a conflitos, guerras e invasões o país foi perdendo parte do território e no final do século XVIII os três países bálticos foram amalgamados ao Império Russo. As décadas seguintes nos anos de 1800 foram de servidão absoluta. Até chegar ao século XX com a invasão de Hitler em 1941 dando início a um dos períodos mais tristes da história moderna da Lituânia. Praticamente toda população judaica, centenas de milhares, foi exterminada durante a ocupação nazista. Este período negro do país foi marcado também por controvérsia já que muitos lituanos foram acusados de ter colaborado com os alemães na perseguição de judeus.

Projeção de olhos piscantes foi destaque

Vilnius era considerada a Jerusalém do norte com uma das comunidades judaicas mais atuantes no velho continente. A história de domínio russo persistiu com o regime comunista, durante mais de cinco décadas a Lituânia fez parte da União Soviética. Para aqueles que como eu cresceram assistindo ao jogos olímpicos dos anos 70 e 80 maravilhados com a hegemonia atlética da URSS, descobrir as condições em que viviam na época é simplesmente desconcertante. O regime estalinista arrasou com as minorias na região báltica, sendo tão cruel quanto os nazistas.

Por que estou a recontar a história da Lituânia? Porque a vida que contemplamos hoje neste pequeno país do mar Báltico está intrinsicamente relacionada ao seu passado sombrio ainda que rico culturalmente. Os lituanos comemoram diariamente o privilégio de viver com liberdade. E a capital Vilnius se torna o palco preferido da nação para difundir a liberdade de expressão. A era socialista foi encerrada em 1990 com a proclamação da independência, sendo o primeiro país a se separar da União Soviética. Por isso, em muitos aspectos, a Lituânia é ainda uma jovem democracia que reina numa capital de quase 700 anos. Isso mesmo, sete séculos de muita história, com um dos maiores centros medievais da Europa. Mesmo se as muralhas que protegiam Vilnius como uma fortaleza da Idade Média há tempo desapareceram, o centro histórico da capital lituana continua muito bem preservado com casarios encantadores que formam um emaranhado de ruelas, arcos e pequenos pátios internos entre uma construção e outra.

Fachos de luz no Castelo de Gediminas

No dia 24 de janeiro Vilnius comemorou seu aniversário de 697 anos com muita luz! A cidade foi palco do Festival de Luzes, em sua segunda edição neste ano, fazendo cintilar becos e pátios do centro histórico da capital. Durante o primeiro mês do ano aqui no norte da Europa o sol quase não aparece e qualquer brilho no céu nos alegra! E assim durante o fim de semana festivo, Vilnius ficou radiante e ainda mais contagiante. As noites geladas de janeiro foram penetradas pelo calor cintilante de instalações luminosas. Vilnius festejou a chegada da nova idade com 26 instalações espalhadas em cada canto da cidade e criadas por artistas lituanos e de outros países europeus. O Festival de Luzes de Vilnius destacou temas variados entre eles, sociais. Um dos destaques ficou por conta da instalação de olhos piscantes projetados nos arcos de um monastério representando a diversidade. Na praça da Catedral fachos luminosos preenchiam o céu sombrio da capital. Pequenos pátios ganharam vida com milhares de visitantes descobrindo cada cantinho brilhante de Vilnius durante todo o fim de semana.

Inverno marcado pela neve

REINO UNIDO SE DESPEDE DA UNIÃO EUROPEIA

Sem festa e sem muita emoção. Foi assim a despedida dos britânicos na última sexta-feira. Três anos e meio após os eleitores britânicos terem optado pela saída da União Europeia no referendo de 2016, o Reino Unido está oficialmente fora do bloco. Pela primeira vez na história, a UE perdeu um dos seus países mais ricos e segundo maior contribuinte, atrás apenas da Alemanha. No dia 31 de janeiro todas as embaixadas e órgãos governamentais britânicos presentes nos países que fazem parte da União Europeia tiraram de vista a bandeira azul com 12 estrelas que representa a União Europeia e que geralmente ficava hasteada ao lado da bandeira britânica.

Na Embaixada Britânica aqui em Vilnius, onde eu e meu marido trabalhamos, não foi diferente, a bandeira da UE desapareceu sem cerimônia alguma. Até o final do ano pouco irá mudar na vida dos ingleses pois durante este período de transição o país continua sujeito a legislação da EU mas sem o direito de participar das cúpulas europeias. Até dezembro devem ser negociados os grandes acordos comerciais entre o Reino Unido e a UE e sem dúvidas, será um período turbulento no âmbito político.

Reino Unido está oficialmente fora da UE