Um grupo de mais de 160 mil pessoas quer, como legado, um parque de conservação para o tatu-bola – animal que, na figura do Fuleco, virou símbolo do Mundial, e está na lista de espécies brasileiras ameaçadas de extinção.

Depois de produzir artigo científico em conjunto com outros pesquisadores, mostrando incoerência entre a escolha de uma espécie ameaçada, para dar cara ao maior evento esportivo do planeta, e a falta de investimento para conservar a espécie, o biólogo Felipe Melo, professor da Universidade Federal de Pernambuco, abriu abaixo-assinado para receber apoio da população para o pedido de criação de um parque nacional na Caatinga, dedicado à preservação do Tolypeutes tricinctus, o tatu-bola.

Em menos de um mês, o movimento conseguiu mais de 160 mil assinaturas, entregues ontem ao diretor do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Sérgio Brant.

Para produzir o artigo, o grupo de pesquisadores fez uma expedição à Caatinga e constatou que a caça de tatu ainda faz parte da cultura regional. “A gente chegava nos lugares e perguntava para as crianças quem tinha comido tatu no último ano, e todo mundo levantava a mão”, segundo Felipe Melo. Isso, apesar de o tatu ser um reservatório de hanseníase, e comer a carne do bicho, além de poder levá-lo à extinção, ainda traz o risco de contrair a doença, alerta ele.

Segundo o professor, a Caatinga é um ecossistema que só existe no Brasil, e é o mais desprotegido de todo o país. Além da caça ao tatu, a destruição do bioma – habitat da espécie, juntamente com o Cerrado – também contribui para aumentar a ameaça de extinção da espécie de Fuleco.

Foto: Reprodução / InternetMascote Fuleco, um tatu-bola
Mascote Fuleco, um tatu-bola

TATU-BOLA: em seu ambiente natural, tem o papel de movimentar os nutrientes da terra, de controlar a presença de formigas, e ainda são alimento para grandes felinos. Para Melo, a principal ferramenta para conservar o tatu é a criação de áreas naturais, protegidas por lei, para a manutenção de espécies e ecossistemas.

Fonte: Agência Brasil