O Rio Grande do Sul enfrenta uma crise que vai muito além das porteiras das propriedades rurais. As estiagens prolongadas, seguidas por enchentes devastadoras, mergulharam os agricultores em uma espiral de dívidas que já somam R$ 73 bilhões, conforme levantamento da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul). O drama do produtor rural é, hoje, um drama coletivo. Estamos falando de um cenário que, de longe, não é apenas a dívida do agricultor. Todos nós sentimos os impactos. Comércio, serviços, indústria e empregos urbanos sentem os reflexos.
Em entrevista ao programa Folha 105 – 1ª edição, da Rádio Terra FM, nessa sexta-feira, 30, conversei com o economista-chefe da Farsul, Antonio da Luz, que falou desse efeito dominó. Segundo ele, quando o agro sofre, diversos setores sofrem. “Pergunta para um corretor imobiliário na região se ele vende melhor ou vende pior quando o agro está em crise? Pergunta para uma loja de roupa, para uma manicure, para o restaurante, ou seja, isso não é um problema da agricultura, estamos falando de um pleito para o Estado do Rio Grande do Sul se reerguer”, frisou.
A crise no agro afeta o consumo e desestrutura toda a cadeia econômica regional e estadual. Sem produção agrícola, não há matéria-prima nem competitividade industrial. Perguntei a ele qual impacto podemos esperar se o produtor gaúcho não ter uma resposta contundente e ‘para ontem’. Segundo ele, um risco iminente é a redução de área plantada pela primeira vez, ou então uma manutenção de área plantada por grupos, sobretudo de outros estados, que podem comprar áreas de produtores endividados, por meio de leilões. “Eu acho que isso é algo que ninguém quer”, alertou. Esse é um exemplo claro de que estamos diante um pleito urgente e que tem na pauta a sobrevivência do campo e da cidade.
Relevância da fumicultura
Na segunda-feira, 2, será protocolado na Assembleia Legislativa o PL 177/2025, de autoria do deputado Marcus Vinícius de Almeida (Progressistas), que propõe instituir a Lei Harry Antônio Werner. O projeto reconhece a fumicultura como atividade de interesse econômico, social e cultural para o Rio Grande do Sul.
Mais que uma homenagem ao pioneiro Harry Werner, fundador da Afubra, a proposta busca consolidar um respaldo institucional permanente ao setor, que tem papel essencial no desenvolvimento do Rio Grande do Sul. Somente no primeiro trimestre, o tabaco movimenta US$ 660 milhões e gera 10 mil empregos no estado.