Viagem de incertezas

Sem participação garantida, diversos representantes da cadeia produtiva do tabaco embarcam nesta quinta-feira, 3, para a índia. O país sedia de 7 a 12 de novembro, a 7ª Conferência das Partes (COP7). O evento, realizado a cada dois anos, coloca em debate diretrizes e ações para combater o consumo do tabaco no mundo todo.“O que vimos em anos anteriores foi um governo apressado em adotar as recomendações das Conferências das Partes (COP), sem levar em conta a importância econômica e social do tabaco no País”, afirma Iro Schünke (foto), presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), às vésperas de embarcar para a índia. Para ele, é preciso manter o alerta para não “sermos pegos de surpresa com medidas que possam ir contra a produção, a renda e o emprego de milhares de brasileiros.”

Foto: Júnio Nunes / Divulgação.

Jornalistas na COP 7

Para os jornalistas que participarão da cobertura da Conferência das Partes, na índia, o momento também é de expectativas. Na última COP, na Rússia, profissionais da imprensa foram impedidos de participar de algumas reuniões e tiveram informações bloqueadas.O contato pré-conferência está sendo feito através do Secretariado da Convenção que tem Samuel Compton como coordenador de mídia da COP 7. De forma muito gentil e cordial, ele vem se mostrando disponível para auxiliar todos os colegas, deixando claro que a mídia se enquadra na categoria público e que os países Partes podem decidir realizar a totalidade ou parte da Conferência com ou sem a mídia. Isso poderia resultar em acesso limitado ou nenhum para o Plenário das reuniões. Segundo o último informativo enviado por Compton, haverá uma porta-voz (Stella Bialous) na conferência, diariamente, à disposição dos jornalistas. Também estão previstas coletivas de imprensa durante intervalos do almoço. Receber um ‘discurso pronto’ é uma coisa, acompanhar em tempo real é outra.

Discurso contra a indústria

Em um encontro que reuniu especialistas em direitos humanos, realizada na semana passada, em Genebra, na Suíça, a Chefe do Secretariado da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, Dr. Vera Luiza da Costa e Silva fez um discurso forte contra a indústria do tabaco. Segundo ela, o tratado é cada vez mais relevante para trabalhar contra a influência da indústria do tabaco. Conforme ela, corporações e empresas colocam os lucros acima do interesse público. Na reunião foi dito que a “indústria é capaz de explorar dezenas de milhões de viciados, subornar decisores, difamar a pesquisa acadêmica de alta qualidade e de afirmar que o consumo de seus produtos nocivos é uma manifestação da liberdade individual.”Disse ainda que os governos têm o dever de promover o bem público e de agir contra o discurso que é prejudicial. “Em nenhum lugar há um direito de fumar, mas em todos os lugares há um direito à vida “, disse o Dr. Vera Luiza da Costa e Silva. O discurso já antecipa o ‘tom’ do diálogo que a cadeia produtiva deve ter na índia.