Fera, a tua humildade, tua simpatia e teu profissionalismo ajudaram a Chapecoense a contagiar o mundo.
A sensação é de que tu, o eterno camisa 5 do Guarani, vai comparecer no jogo festivo de fim de ano, no Edmundo Feix, como sempre fez.
Não fosse para jogar devido a uma lesão no quadril, que te tirou dos gramados em 2010, estaria à beira do campo para abraçar os amigos de fé e dar boas risadas.
Alemão, tu aparecias em praticamente todos os vídeos amadores feitos pelos atletas.
Eram cenas marcantes onde a alegria e o entrosamento estavam em primeiro plano.
No semblante da comitiva da Chape, ficava evidente a confiança em ti, Cadu!
Seja entre os atletas mais conhecidos ou na roda de amigos, tu eras o mesmo: feliz e de bem com a vida.
Tinha o apreço da direção, jogadores, comissão técnica e torcida; era um profissional e se identificava com a comunidade catarinense.
A tal da ficha – jargão mais usado para descrever o drama vivido – demora a cair.
Vagarosamente a nossa mente tende a digerir essa informação confusa e ao mesmo tempo nefasta, mas no coração a dor teima em permanecer.
São milhares de voos pelo mundo, todos os anos, e esta fatalidade foi acontecer justamente contigo, meu amigo!
Que recebeu tão bem minha família no Maracanã em novembro do ano passado, quando Chape bateu o Fluminense por 3 x 2.
Era tanta a organização deste querido clube, que o Flu não conseguiu somar sequer um ponto jogando em casa diante do verdão do oeste catarinense, em três anos de Série A.
Naquela noite chuvosa em que conhecemos o Rio, valeu cada segundo estar com a Lu e a Ana Júlia nas cadeiras do monumental estádio, assistindo à Chapecoense manter a supremacia sobre os cariocas.
Para comprovar que a Chape sempre esteve presente em nossas vidas, a única vez que estivemos no remodelado Beira-Rio, foi no empate sem gols entre Inter x Chapecoense.
Aquele jogo antecedeu o Gre-Nal do 5 x 0 pró-Grêmio e marcou a demissão de Diego Aguirre no comando colorado.
Em ambos os confrontos, no Rio e em Porto Alegre, a Chape teve uma atuação impecável, sobretudo pelas defesas mágicas de Danilo.
O camisa 1 do time verde era um dos maiores goleiros do Brasil e certamente um dos mais queridos pelos torcedores.
E o Danilo, como tantos outros atletas bem sucedidos, foi uma indicação tua, Cadu!
Teve gente que vibrou tanto na última defesa, diante do San Lorenzo, que, se pudesse prever o futuro, somente queria ver aquela bola do adversário entrando no gol.
A dor da perda será curada aos poucos, porém a cicatriz será eterna.
Ainda antes deste trágico acidente, a Chape já ganhara a simpatia, a admiração dos desportistas, sem distinção.
Agora, o planeta inteiro reverencia a Associação Chapecoense de Futebol.
Força, Chape, que escreve uma história meteórica nos mesmos moldes do Mamonas Assassinas.
Ambos viviam sua melhor fase, seu esplendor. Ambos curtiam um sonho, um conto de fadas que acabou cedo demais.
Para ti, Cadu, a imagem que fica é o teu sorriso estampado no rosto. Ao dar a vida pelo clube, fica para a história como um líder nato, com a graça divina de cativar as pessoas.