Já escrevi sobre o assunto. O decreto assinado pelo prefeito Airton Artus e pela maioria dos prefeitos gaúchos, que determina a inspeção rigorosa de todos os locais de eventos públicos, depois da tragédia do incêndio da boate Kiss em Santa Maria, vai sacrificar muitas sociedades do interior. Já sugeri o debate ao vereadores Celso Krämer (PTB), Zecão (PMDB) e Duda Kappel (PP), numa visita que fizeram ao jornal, para auxiliar as sociedades a se organizarem e juntas buscarem apoio, auxílio, mas não ouvi nenhum movimento até agora.

No domingo, na Festa Municipal do Fumo, em Linha Sapé, conversando com membros da diretoria da Sociedade Esportiva Gaúcha, tive a certeza maior ainda que o assunto é muito sério. As exigências do plano de prevenção contra incêndio, que deve ser sim cobrado, chegam numa hora de extrema fragilidade das sociedades. No Sapé, quatro pessoas estão por 20 anos na direção da sociedade e já deram sua contribuição, mas não encontram pessoas mais jovens para assumir a condução da vida comunitária. Esse fato se registra faz anos, e tem a ver com o envelhecimento da ‘colônia’, onde os jovens buscam oportunidades nas cidades e ficam no interior os pais e avós, gerações que estão chegando ao fim. Neste contexto, o decreto de cobrança da prevenção de incêndio vai ser o ‘golpe de misericórdia’ para muitas das sociedades. Em Linha Sapé, no ginásio de esportes, também construído em tijolo, cimento, ferro e alumínio, a prevenção de incêndio já custou R$ 10 mil e ainda não está concluída, tanto é que a festa foi realizada sem a liberação dos bombeiros, foi por conta e risco da sociedade.