Tenho lido e ouvido nos últimos tempos avaliações das mais diversas sobre a crescente produção de grãos no Brasil, que em 15 anos praticamente dobrou o volume produzido nas suas infindáveis terras produtivas. Estamos chegando próximo das 200 milhões de toneladas. Um celeiro do mundo, que move a roda da economia e vai levar o Brasil ao bloco dos países da linha de frente da economia mundial.
Os governos abriram crédito para produção, lavouras familiares e empresariais deram a resposta imediata e produzem mais a cada ano. Mas agora o país está diante de um dilema. Não tem estocagem para tanta produção, não tem transporte para movimentar todo este volume e não tem portos para escoar a produção. Ouço que só no Mato Grosso faltam 20 mil caminhões para transportar toda soja que é colhida. E ainda vem aí a safra de milho. As estradas são poucas e mal conservadas. Os portos de Santos e Paranaguá, que são os principais corredores de exportação, não dão conta do movimento. Cada um tem mais de 100 navios a espera de espaço para carregar. O Porto de Rio Grande absorve parte deste excesso.
A produção foi estimulada e a resposta foi rápida. Cabe agora ao governo ser rápido também e investir em logística para poder fazer toda esta produção render mais, na medida em que tiver agilidade de movimentação.
Este é o grande nó do processo. A iniciativa privada responde rápido. Os serviços públicos são morosos. E assim o país perde fortunas.
A produção está em escala crescente, a infraestrutura pública é deficiente e precisa de muito investimento e agilidade. E, ainda teremos o terceiro e decisivo passo para fazer parte das grandes economias mundiais. Parar de vender quase toda nossa produção ‘in natura’ e depois comprar de volta manufaturas por valores infinitamente maiores.
O Brasil só vai ser de ponta na economia mundial, quando conseguir agregar valor à sua produção. Não exportar soja em grãos, mas como óleo, leite, farelo, farinha etc. Não exportar o milho em grão, mas em ração, farinha etc. E para inserir o Vale do Rio Pardo neste contexto de forma mais direta, pense se não exportássemos quase todo o tabaco processado em pedaços de folhas, mas sim em cigarros.
Por falar em produção, aqui em Venâncio, além da boa safra de tabaco, a resteva está com lavouras de milho ‘safrinha’ de encher os olhos. O produtor de tabaco vai colher milho como há muito não colhia. Venâncio está entre os cinco maiores produtores de milho do Estado, e quase toda produção sai da ‘safrinha’ em milhares de hectares da resteva do tabaco.