As dificuldades de fazer carnaval

Acompanho o carnaval das nossas escolas de samba desde o final dos anos 70. Sempre vi as dificuldades com que grupos se organizavam para colocar uma escola de samba na Osvaldo Aranha para desfilar e receber aplausos de um público enorme que prestigia cada noite de desfile. Naqueles tempos as Sociedades tinham organização de departamentos e tinham suas escolas de samba. Os Acadêmicos do Samba, do Nego, a mais antigas de todas, ainda se mantém viva até os dias atuais. A escola Batutas do Grêmio Recreativo Sete de Setembro sucumbiu. Depois a Turma do Barulho da Sova e Malandros do Ritmo da Sociedade de Leituras também. Tentaram voltar, mas parece ser definitivo que não teremos mais escolas de samba nestas sociedades. Tivemos neste meio tempo ainda a Patota, criada por carnavalescos que saíram das escolas das Sociedades.

Estas Sociedades perderam força, e sem recursos, deixaram de fazer carnaval para investir em suas sedes para seus associados. Teimosamente o Nego continuou e escolas começaram a surgir nos bairros. Tivemos em Coronel Brito, no Brigida, em Vila Mariante na década de 90. Agora, nos anos 2000 surgiram Unidos da Vilas na Vila Freese, Império no bairro Cidade Nova a Fiel Tribo da torcida organizada do Guarani.

As dificuldades destas escolas são imensas. Para juntar recursos para fazer carnaval dependem do auxílio público que é destinado pela prefeitura. A Unidos inovou, com a ideia de trazer enredos de entidades e empresas, vislumbrando apoio. Foi assim que desfilou os 25 anos da Terra FM em 2012 e vai desfilar os 40 anos da Folha agora em 2013 e já tem enredo proposto para 2014. Por conta disso meu envolvimento com o carnaval mudou. A escola nos convidou sem pedir nada, mas logicamente que levando o enredo dos 40 anos da Folga para a Osvaldo Aranha contribuímos com recursos, além de participar com uma ala da Folha que já tem 80 participantes.

Na sexta-feira uma parte da equipe da Folha foi ao ensaio da Unidos, como fará todas as semanas. Conversando com os dirigentes, e observando o ambiente, dá pra sentir a angústia. O auxílio da prefeitura, que serve para aquisição de material, ainda não foi liberado e faltam só três semanas para o carnaval. é uma corrida maluca contra o tempo. O prefeito Airton Artus prometeu no carnaval passado corrigir isso e repassar o auxílio para as escolas ainda em dezembro, justamente para permitir um melhor cronograma de organização, mas não cumpriu, pelas dificuldades financeiras.

Sei que o ideal seria as escolas terem receita de eventos e patrocínios para os desfiles, sem depender de dinheiro da Prefeitura. Acompanhei a Unidos durante todo o ano. Trabalham desde o carnaval passado, mas os recursos que juntam são míseros. Sem dinheiro da Prefeitura as escolas não tem como fazer carnaval de rua.

Mas como me disse um outro dirigente de escola de samba, sempre foi assim, tudo de última hora. E continua.