A devassa da Polícia Federal na área de licenciamentos ambientais no Estado, desnuda uma rede corrupção, mas tem suas entrelinhas. A operação, que precisa investigar a fundo o assunto, mostra que é deficiente a estrutura estadual para o controle ambiental. Mas inegavelmente tem ingredientes políticos. O tempo dirá. Tudo parece ter sido cronologicamente calculado. A operação atinge o governo Tarso Genro, mas pega só partidos aliados do governo e oposição, PMDB, PPS, PC do B, PSD e a prefeitura da capital, que é do PDT. Até a fórmula é familiar. Lembram em 2007, logo que o governo Yeda Crusius assumiu? Da chamada República de Santa Maria, terra de Tarso Genro, partiu uma ofensiva da Policia Federal e Ministério Público, subordinados ao Ministério da Justiça, onde Tarso foi Ministro de Lula. Foi deflagrada a cinematográfica Operação Rodin, que fez uma devassa no Detran, mostrando uma rede de corrupção que teria desviado R$ 40 milhões – aliás não se ouviu mais nada. Alguém foi preso? Alguém devolveu dinheiro? Foram quatro anos para desgastar a governadora Yeda e a fórmula funcionou. Tarso se apresentou com o ‘cherifão’ e se elegeu fácil em 2010.

Hoje o governo Tarso sente a ‘água subir’. Já estamos no terceiro ano e a grande ação foi criar cargos e aumentar salários. é preciso criar fato novo. Ai vem a Operação Concutare, que prendeu 18 pessoas. O vereador do PSOL da capital, Pedro Ruas, que fez o trabalho da acusação para Tarso na Operação Rodin, já propõe CPI na Câmara de Vereadores. Na Assembleia também já é proposta CPI para investigar os fatos. A novidade desta vez é que o próprio governo é quem quer criar uma CPI para investigar, mas investigar aliados e atingir adversários. Aguardem.

Por falar nisso, em nível nacional teremos a já anunciada CPI da Petrobras? Depende do PMDB dizer sim ou não. O assunto é moeda forte de troca no Planalto.