Foto: Alvaro Pegoraro / Folha do MateGiovane (e) e Jarbas (d) polarizam a eleição, segundo pesquisas, e tiveram embate de momentos quente aqui na Folha.
Giovane (e) e Jarbas (d) polarizam a eleição, segundo pesquisas, e tiveram embate de momentos quente aqui na Folha.

O debate realizado pela Folha na quinta-feira, foi de alto nível, como já escrevi na análise publicada na cobertura da edição de ontem. Os quatro candidatos são pessoas de boa educação. Mas os bastidores e a minha leitura de semblantes teve ingredientes a mais.Primeiro o cenário, muito elogiado. “Parece estúdio da Globo”, me disse um dos participantes. Os dois jovens que conduziram o debate, a editora Letícia Wacholz e o repórter Daniel Heck, me encheram de orgulho; deram show na sua estreia em debates.Mas falando de política mesmo, foi notório o semblante de de preocupação de Giovane Wickert, o mais articulado dos quatro candidatos, quando sentiu, na reta final, que se criou um ‘complô” natural dos outros três, que o isolavam nas escolhas para responder. Medo? Estratégia? Jarbas, Vinícius e Cesar quase sempre perguntavam entre si. Jarbas usou a estratégia da ‘tabela’ com os dois para atingir Giovane. Giovane busca tirar diferença para Jarbas, mostrada em pesquisas, a cada oportunidade, seja em comício, em debate ou no contato com as pessoas. Sempre que foi sua vez de perguntar direto, foi ‘cego’ em Jarbas e ‘no rim’ como se diz. E Jarbas se saiu bem, especialmente quando o assunto foi saúde e o hospital. Vi, por exemplo, quando Cesar Ernsen, da equipe do PT, quase vibrou quando Giovane levou uma resposta forte de Jarbas.E a ânsia de Giovane em atingir Jarbas, o fez cometer o que penso ser um erro. Induzido ou não, repetiu no ‘pinga fogo’ o que seu vice, vereador Celso Krämer, fez na segunda-feira na Câmara de Vereadores. Krämer cobrou o vereador Jarbas por negligência médica na morte de um paciente durante um plantão seu no hospital. Insinuou que um paciente morreu por omissão de Jarbas, médico comunitário. Giovane fez a pergunta sobre o assunto no debate. Não imagina o prejuízo. Sei que a manifestação de Krämer na Câmara gerou uma repulsa muito grande de pessoas que conhecem Jarbas, mas especialmente da classe médica, que se sentiu atingida no colega, se reuniu e fechou questão, contra Giovane, por repulsa ao comportamento do seu vice.A ferocidade no debate tem uma linha muito tênue. Dependendo das palavras, do tom, o candidato ‘fatura’ ou ‘dá tiro no pé’. Krämer deu mais um ‘tiro no pé’ e induziu Giovane ao mesmo erro. Política é arte de inteligência, não de esperteza.