Selvino Heck, assessor especial da Presidência da República, voltando de férias, ao enviar sua coluna semanal na Folha, acrescenta impressões na sua volta a Brasília.
“Aí vai, meu caro, a coluna pós-férias, que terminaram ontem. Voltando aos poucos, como convém a um senhor que fará 65 daqui a pouco.Alguns comentários, do que recolhi até agora, depois da volta.Dois acontecimentos marcaram, especialmente, este início de ano no campo político, e que dão/darão o tom do que vai ser 2016, olhando do ponto de vista do governo federal e da presidenta Dilma. (Há outros, claro, tb. importantes: o combate à corrupção; o destino de Eduardo Cunha; o combate ao zica, as Olimpíadas, etc.)A reunião do Conselhão semana passada, segundo a maioria, com bom resultado. E a ida da presidenta Dilma ontem ao Congresso. Estão expressos nos discursos de Dilma, encontráveis em www.planalto.gov.br. Neles (discursos) estão registradas as linhas gerais do que o governo federal pretende fazer no ano.Mas são, principalmente, dois gestos políticos. Um de diálogo, com todos os setores da sociedade, via Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Outro de diálogo com o Congresso, procurando (re)estabelecer uma relação que permita aprovação de projetos, embora os dois poderes mantendo sua devida autonomia.Um governo com diálogo permanente tem muito mais chance de dar certo.São sinais positivos, sem dúvida, que terão desdobramento ao longo de 2016. As expectativas aqui são de que, a partir da metade do ano, mais ou menos, (re)começará o crescimento econômico, a inflação baixará e a taxa de desemprego vai cair. Gradativamente, isso se aprofundará até 2017, quando os ajustes necessários terão sido feitos.Há um senão principal, que poderá atrapalhar: a crise internacional. Aliás, é simbólico que o Brasil, ‘pela primeira vez’, esteja entre os 10 maiores credores do FMI, junto com os BRICS. Ou seja, os esforços do Lula e da Dilma estão dando resultados. Isso nunca acontece de um dia pro outro. Assim como não dá para avaliar os BRICS numa década. O próprio O’Neill (não sei se é bem este o nome), quando criou a sigla, pensou num horizonte de 2030 ou 2050. Só então veremos/saberemos (se estivermos vivos) se ele teve/terá razão. E tudo indica que terá razão.Por fim, um comentário de outra ordem, sobre o Anderson, que está deixando a assessoria da presidenta.Não tenho nenhuma informação específica ou especial, mas o que sei é o seguinte.Ele vai se casar, está com 36 anos, e quer se estabelecer pessoal e familiarmente no Rio Grande. Acompanho, um tanto à distância, como ele é e o que ele faz. Imagina estar ao lado da presidenta praticamente 24h diariamente, nas viagens dentro do Brasil e internacionais? Como manter família e dedicar-se a ela? Ele está fazendo uma opção pessoal de vida, ao que sei.Mal comparando, é um pouco como a minha situação. Já estou há 13 anos no governo federal e em Brasília. Nunca imaginei nem pretendi vir para cá, nunca pensei e não penso em ficar eternamente aqui. Chega um momento em que é preciso decidir o que fazer da vida. Por exemplo, quando vai se casar, ou quando se chega aos 65, e vai ou pode se aposentar”.