A viagem do prefeito Airton Artus (PDT) para a República Tcheca, integrando Missão Oficial do Governo do Estado, acabou criando um debate político na semana. Artus convocou o vice-prefeito Giovane Wickert (PSB) para assumir. Giovane respondeu que não assumiria, alegando impedimento da legislação eleitoral, que o tornaria inelegível. Foi convocado então o presidente da Câmara de Vereadores, José Ademar Melchior (PMDB), que também recusou, pois se tornaria inelegível para uma chapa majoritária que pretende integrar.
Todo mundo na política ‘briga’ pra ser prefeito algum dia. Nesta semana dois ‘brigaram’ para não ser.
Os entendimentos diferentes provocaram um vai e vem de informações e contatos com a justiça eleitoral. Chegou a ser divulgado que a Procuradora Jurídica do Município, Gisele Spies Chitolina, assumiria na linha de sucessão. Mas o juiz eleitoral João Francisco Goulart Borges, com base na legislação, entendeu, e determinou, que o vereador mais idoso assumisse a prefeitura. Por coincidência, o mais idoso é Hélio Artus (PDT), irmão mais velho do prefeito Airton, que não concorre á reeleição para a Câmara.Mas quem pensa que terminou a polêmica, tem mais. Foi parar no Ministério Público toda documentação destes trâmites, pois o entendimento da Procuradoria Jurídica do Município é de que Giovane poderia ter assumido agora e concorrer a prefeito sem problemas. Ele poderia se tornar inelegível, mas para uma reeleição de prefeito em 2020.Wickert, na defesa, lembra que Airton também se recusou a assumir como vice em 2008. A situação tem semelhanças e diferenças. Artus, como vice-prefeito, quando decidiu concorrer a prefeito contra Almedo, que buscava reeleição, se afastou do governo bem antes da campanha. Ele foi convocado a assumir a prefeitura na última semana da campanha, dias antes da eleição, numa clara manobra política. O prefeito Almedo pretendia se licenciar para se dedicar à campanha, que as pesquisas mostravam, já ‘afundava’, e tentou colocar Airton na Prefeitura. Mas Airton já tinha solicitado licença do cargo para se dedicar à campanha, deixando de receber seu salário de vice-prefeito durante a licença. Acabou o presidente da Câmara Eduardo Kappel, então vereador do PSDB e que não concorria à reeleição, assumindo a Prefeitura por uma semana. Lembro que Kappel num dia comprou a torre do Via Sul Center para transformar na nova sede administrativa da Prefeitura e no outro dia, intimado pelo prefeito Almedo, desfez o negócio.Como foi em 2008, é agora, um jogo político bem pensado, por todos os lados. Cada um cuidando dos seus ‘interésses’ com dizia Brizola. E a justiça eleitoral como balizadora.