Como a Câmara de Vereadores aprovou na segunda-feira denominação de estrada em Vila Arlindo, com o nome de Octávio Adriano Klafke, o médico Flávio Seibt envia texto onde conta uma história interessante, que reproduzo para que as novas gerações conheçam melhor Octávio.

“Retornei a Venâncio Aires em fevereiro de 1974, após 11 anos estudando em Porto Alegre, Rio Grande e três anos em São Paulo, onde fiz o sexto ano de Medicina em Ribeirão Preto (e publiquei os dois primeiros casos brasileiros de “GLICOGENOSE COM COM DEFICIêNCIA BI ENZIMáTICA”) e depois dois anos de especialização na Santa Casa de São Paulo e a Francis, minha esposa, fez no Hospital Emílio Ribas de Moléstias Infecto Contagiosas..

Haviam seis médicos (clínicos, cirurgiões gerais e obstetras), Dr. Milton anestesista e Dr. Adalberto Gassen com o laboratório.

Não havia radiologista, plantão médico, ambulância ou agência do INPS que aqui tinha apenas um representante para distribuir as fichas e autorizar os exames de laboratório solicitados.

As internações tinham que ser previamente autorizadas em Santa Cruz ou nas emergências feitas com risco de não serem autorizadas, inclusive as cirurgias, ocasionando que grande número de pacientes fossem ” procurar recurso em Santa Cruz” em evidente prejuízo aos pacientes, ao HSSM e à Venâncio Aires.

Como primeiro pediatra e a Francis primeira médica e os dois os primeiros com residência médica, especialidades, consultórios com fichário e secretária, após sermos aceitos no Corpo Clínico do HSSM, constatamos extrema precariedade e graves deficiências.

Vendi rifas para comprar incubadoras e criar o berçário e depois como diretor junto com o Milton fomos contratar o radiologista Dr. Paulo (mas isto é outra história).

Mas vamos ao o que eu quero contar.

Permanecemos três anos sem conseguir a credencial do INPS, atendendo apenas particular no consultório e no hospital. Mesmo pleiteando as credenciais e de não haver pediatra na cidade a Agência de Santa Cruz a bloqueava, não se conseguindo nada nem com ajuda dos políticos locais.

No berçário examinava e atendia todas as urgências em nome dos outros colegas clínicos gerais e na pediatria também a pedido deles sem remuneração ou particular.

Fui apresentado ao seu Octávio Klafke, presidente da FETAG, pelo meu cunhado Armando Haeser, que com ele estava trabalhando em Porto Alegre, sendo por ele levado ao Superintendente do INPS, que após ser informado do bloqueio da Agência de Santa Cruz, imediatamente nos credenciou dizendo: “Seu Otávio seu pedido é uma ordem”.

Fui o primeiro pediatra de Venâncio e a população pôde então, GRAçAS AO SEU OCTáVIO, deixar de ter que pagar ou ser atendido “por favor”, acabando com a injustiça que mais tarde, quando o Jair Soares foi Ministro da Previdência, permitiu que conseguíssemos a agência mesmo que empresas e médicos tivessem que se cotizar, cada um com meio salário mínimo, para pagar o aluguel de 10 salários do prédio.

Esta é uma dívida de gratidão que temos com seu OCTáVIO, que o povo de Venâncio deveria saber, pois foi ele que permitiu começar a acabar com a prepotência e protecionismo da Agência de Santa Cruz.

Agora o SUS é tão ridículo que ninguém quer, e mais a falta de condições de trabalho só pioraram, pois houve estupenda evolução tecnológica também na medicina e da safadeza dos governantes.”

Flávio Seibt

Médico pediatra aposentado