Selvino Heck, assessor da presidência da República, que esteve de férias por 10 dias, volta a Brasília, e ao enviar sua coluna semanal, na quarta-feira, anexou algumas impressões suas e informações dos bastidores da capital federal.

“De volta a Brasília, e com muito trabalho. Giovane anda por aqui. Devo almoçar com ele hoje (quarta-feira), além de ter encaminhado algumas audiências para ele ontem por telefone. Felizmente, o clima melhorou por aqui. Na terça de manhã, indo para o Palácio do Planalto, vi a grama toda verde de novo, depois das primeiras chuvas. E ontem choveu de novo. Logo, logo as mangas vão estar maduras e vou poder colhê-las ou pegá-las no chão, nos dois grandes pés que ficam num descampado bem em frente onde moro. Mangas ‘de grátisÂ’, portanto.

Quanto ao resto, por óbvio, há um grau de tristeza e um certo silêncio em muitos aqui no governo, com o desfecho do julgamento no STF. Muitos são amigos do Zé Dirceu e Genoíno, especialmente. Não vai ser fácil digerir o resultado. Passado tudo, as eleições, o segundo turno e o término do julgamento, todos vão ter que sentar, olhar para trás, analisar o que aconteceu, ver quais foram os erros. O PT terá que fazer, necessariamente, uma autocrítica. E, imagino e espero, deve retomar a bandeira da reforma política, absolutamente urgente e necessária. Por sinal, o que vimos nestas eleições em muitos lugares não é nada diferente do que aconteceu no dito mensalão, em termos de corrupção, compra de votos, etc . Em alguns casos, não poucos, é até pior. Mas cadê o rigor da lei? Não vale igualmente para todos?

Por outro lado, lembra-se por aqui que a maioria dos ministros do STF foi indicada por Lula e Dilma. E nem por isso ‘aliviaramÂ’ seu julgamento e voto. Como diria o Lula, isso nunca aconteceu antes na história. Ou nos tempos de FHC o Supremo e o Ministério Público Federal tiveram liberdade e isenção para julgar? Jamais. Como disse o hoje celebrado ministro Joaquim Barbosa em entrevista à Folha de São Paulo, nunca, em momento algum, Lula, Dilma, ministros ou qualquer pessoa do PT vieram falar com ele, ou pressionaram para mudar votos, ou coisa parecida. Isso é conquista da democracia. Espera-se agora, e não há razão para duvidar disso, que o mesmo rigor seja usado em todos os julgamentos, inclusive do chamado mensalão mineiro, onde os personagens centrais são do PSDB, além de Marcos Valério.

Felizmente, está aí um feriadão. Vou ficar em Brasília e tentar descansar bastante, depois da maratona vitoriosa em Venâncio”.