Recebo manifestação de um leitor antigo sobre nota da coluna e notícias do recadastramento que a Prefeitura está fazendo nos tês condomínios habitacionais do Minha Casa Minha Vida, que somam mais de 600 apartamentos, e onde a estimativa é de irregularidades de ocupação em 1/3 deles, boa parte por informações apenas parciais fornecidas pelos beneficiados.“Li a tua coluna e a notícia de que 30% dos apartamentos construídos pela Prefeitura tem problemas. O índice é muito alto. Existe má fé neste processo, é verdade. Mas não é só isso. Vou apontar alguns problemas que percebo no dia a dia com este tema.1) Taxa de Condomínio. O valor desta taxa em alguns casos é o dobro da prestação que o mutuário paga. E este condomínio é para o resto da vida. Se o apartamento foi “doado” o preço mensal dele inviabiliza a muitos carentes de terem esta opção.2) Apartamento. Morar em apartamento exige uma cultura de convívio que falta a muitas pessoas. Logo, não é a mais indicada. Alguns porque tem três a quatro filhos e o espaço fica pequeno. Outros pela dificuldade de socializar. Mas por ser acessível, o carente aceita. Mas não vive feliz e logo que pode deixa o local.3) Localização. Percebo que as pessoas buscam comprar o imóvel onde vivem, onde cresceram. Ao lado dos familiares, dos amigos, colegas de trabalho. Tirar a pessoa de um bairro e levar para um outro totalmente desconhecido exige adaptação que muitos não conseguem. O certo seria construir em locais onde a carência se manifesta.4) Tenho certeza que a grande maioria iria preferir ter a sua casa. Um pequeno pátio. Isto implica mudar o rumo da politica habitacional.Caso nada seja feito, estes apartamentos servirão a pessoas que se aproveitarão das brechas da lei para ter o seu segundo imóvel, que ali adiante será alugado. Agora, se for uma casinha, num bairro mais carente, somente aqueles que mais precisam irão se candidatar”.Um raciocínio aprofundado sobre o tema habitações populares que publico por entender que é pertinente e pode contribuir para projetos habitacionais futuros serem pensados.