A semana foi de debates em Brasília sobre a produção de tabaco. Uma caravana de lideranças do setor tabacaleiro, representando produtores, indústrias e governos municipais, voou para a capital federal. Na quarta, 9, pela manhã, a Associação dos Municípios Produtores de Tabaco (AmproTabaco), presidida pelo prefeito aqui de Veraz Cruz, Gilson Becker (PSB), realizou uma ‘assembleia’ em sala do Congresso, para tratar da preocupação do setor com as realização da Convenção Quadro para Controle do Tabaco, que acontece em novembro, na Suíça. E o encontro foi em Brasília para chamar atenção do governo para a situação. À tarde, uma audiência pública da Comissão de Agricultura, a pedido dos deputados Heitor Schuch (PSB), aqui de Santa Cruz, e Rafael Pezentti (MDB) de Santa Catarina, dois parlamentares que plantaram tabaco e representam o setor. Foram três dezenas de manifestações de preocupação, de cobrança do governo, de sugestões, apontando para a COP 11, em novembro, na Suíça.
Chamou atenção a manifestação do Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, pecuarista que foi vice-governador no Mato Grosso. “Enquanto for legal cultivar o tabaco, os produtores podem ficar tranquilos que o governo vai garantir isso”, disse Fávaro.
Mas existe a desconfiança no governo. O deputado Marcelo Moraes (PL), aqui de Santa Cruz também, lembrou que foi Lula quem assinou a adesão do Brasil à Convenção Quadro para Controle do Tabaco, em 2005. E que são ligadas ao governo do PT, ONG’s e comissões que querem a erradicação do cultivo do tabaco. “Os que querem erradicar o cultivo do tabaco, são os mesmos que são favoráveis à liberação da maconha”, atacou Moraes, para manifestar sua preocupação, que é de todo setor tabacaleiro.
O deputado estadual Airton Artus (P|DT), ex-prefeito aqui de Venâncio, terceiro município que mais produz tabaco no país, sugeriu que o governo deveria se preocupar em copiar o que acontece na cadeia produtiva do tabaco, especialmente em relação à atividade primária, e usar como exemplo para implantar em outros culturas do agronegócio.
Neste turbilhão vivem 130 mil famílias, a grande maioria na região Sul do Brasil. Uma família que produz tabaco em 4 ou 5 hectares, conseguem ter uma qualidade de vida, que não seria possível cultivando grãos, como soja, milho, arroz, trigo.
Leituras, Nego, Sova e Motoristas, o desafio de reinventar as ‘sociedades’
A transformação da humanidade acontece em todos os setores, numa velocidade espantosa, especialmente desde a década passada, com a chegada das redes sociais, que mudaram hábitos das pessoas.
Neste contexto, um setor que enfrenta desafios grandiosos são as ‘sociedades’, hoje chamadas de Associações por força legal, locais de eventos, de piscinas, de encontros, que viram seus associados ‘sumirem’, pois as piscinas passaram a fazer parte das residências e os encontros, as festas, a diversão foram mudando de ‘vibe’.
Venâncio tem exemplos de resistência e persistência para manter estes locais atrativos e frequentados. O maior exemplo é da Sociedade de Leituras, que estava por fechar, até que Telmo Kist, liderança comunitária, que foi vereador, secretário municipal, empresário, aceitou o desafio de assumir a presidência. Telmo, e o grupo que formou na diretoria, está fazendo o ‘Clube’ praticamente renascer. E agora, no dia 16 de julho, a centenária sociedade, com 138 anos de existência, mais antiga que o município de Venâncio, será homenageada na Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado Airton Artus, ex-prefeito de Venâncio. Um reconhecimento à história do Cube de Leituras e ao seu ressurgimento. E lá estará o Clube Orquestra, criado por Telmo, e que vai se apresentar no parlamento gaúcho.
A Sociedade Nego Futebol Clube, o Nego, que completou 90 anos, passa pelo mesmo processo. Sem colocar a escola de samba na rua no último Carnaval, quebrando uma tradição, a sociedade mostrava as suas dificuldades. Agora em junho assumiu a presidência Isabel Landim, filha do fundador do Nego, João Generoso dos Santos, com o propósito de reerguer a entidade.
Telmo e Isabel são duas lideranças com mais de 60 anos, que lideram duas entidades históricas e buscam viabilizá-las.
Uma situação geracional diferente da Sociedade Olímpica, a Sova, e da Sociedade dos Motoristas, mas que enfrentam as mesas dificuldades. Nos Motoristas Liara Stein é presidente e mantém viva a sede campestre e as festividades do Dia do Motoristas, que neste ano serão no Parque Municipal do Chimarrão.
Na Sova teve eleição de nova diretoria faz duas semanas, onde um grupo mais jovem, na casa dos 30, 40 anos, segue tocando a sociedade. Daiel Bittencourt passa a presidência para Vicente Correa, para seguir o desafio de manter a sociedade aberta, atrativa e ativa. A Sova vive nos últimos tempos um movimento de praticantes do padel e beach tênis, esportes que viraram ‘hit’ aqui também. E desafio é retomar os eventos no salão de festas.
Todos são pessoas que se doam para manter abertas e ativas sociedade que passam pela mesma situação em todos os municípios, algumas fazendo fusão com outras para se manter, outras fechando, e as que buscam se reinventar. Em Venâncio as quatro estão neste caminho. E tem o Grêmio Recreativo Sete de Setembro, que faz muitos anos não tem diretoria, mas segue aberto pela economia.
Política, ideologia e mercado
Está instalado um confronto entre o Brasil e Estados Unidos, que envolve política, ideologia e mercado. O presidente americano, Donald Trump, anunciou sobretaxação de 50% de tudo que o Brasil vende para o mercado americano, o segundo maior parceiro comercial brasileiro. A ação intempestiva, criou uma situação preocupante, que tem motivos muito além da acusação de Trump de que Bolsonaro esteja sendo perseguido pelo governo e pela justiça, como sustenta a narrativa da grande mídia e do governo Lula.
Trump, desde que assumiu, abriu uma ‘guerra comercial’ com a China, o gigante asiático que não para de crescer. Os Estados Unidos são a maior economia mundial com PIB de US$ 29,1 trilhões. Os chineses já estão em US$ 18 trilhões e a projeção é que ultrapassem os americanos em menos de duas décadas. O Brasil é anão nesta disputa, com seus US$ 2,1 trilhões.
Lula aproxima o Brasil da China, da Rússia e de outras autocracias e ditaduras. O estopim foi a reunião do Brics, no Rio, onde Lula pregou criar um novo bloco econômico e sem o dólar americano como moeda, provocando a reação americana. Lula mostra que serve aos interesses da China nessa guerra, o que faz reagir o ocidente democrático, ao qual o Brasil sempre esteve integrado.
Menos mal que o governo Brasileiro foi comedido na reação. Anuncia que vai pelo caminho da negociação diplomática sobre essa taxação, anunciada para entrar em vigor em 1º de agosto. Se não houver recuo americano, Lula diz que vai retaliar na mesma moeda. Pode parecer o correto. Mas lembro que Hugo Chaves, quando assumiu a Venezuela, o pais mais rico da América Latina nos anos 80, comn base na sua produção petrolífera, desafiou os americanos. Vieram os embargos e a Venezuela virou o que é hoje, uma miséria de onde a população está fugindo.
Notinhas
- Reportagem da Folha nesta edição sobre a taxação americana aos produtos brasileiros, mostra o impacto em Venâncio. O município exportou US$ 35 milhões no primeiro semestre em tabaco para os Estados Unidos. A Madrugada exporta chás e erva-mate. O setor metalúrgico também exporta.
- O presidente do SindiTabaco, Valmor Thesing, prega um acordo diplomático sobre essa taxação adicional de 50% sobre os 10% sobretaxados anteriormente. Ele revela que o Brasil vende 40 mil toneladas de tabaco aos americanos, de um total de 500 mil toneladas exportadas. Thesing diz que o setor consegue colocar essas 40 mil toneladas em outros mercados, caso não haja uma negociação da sobretaxação.
- Câmara de Mato Leitão sediou audiência pública para apresentação do projeto de concessão do Bloco 2 de rodovias pele estado, que inclui a RSC-453, que passa pelo município. A iniciativa foi do vereador Diego Konrad (PP), preocupado com o acesso ao município no projeto de duplicação da rodovia e a instalação de um posto de pedágio entre Mato Leitão e Venâncio Aires. Do legislativo de Venâncio participou da audiência o vereador Eligio Weschenfelder, o Muchila (PSB). Os dois já tinham liderado o protesto contra o pedágio recentemente.
Do X
- Poder 360: Governo iniciará pagamentos de descontos do INSS em 24 de julho. Valor será pago em parcela única, com correção pelo IPCA, por ordem de adesão; 769 mil casos seguem em análise
- BBC: Impacto econômico pode ser significativo — caso se concretize uma guerra comercial entre EUA e Brasil, com tarifas recíprocas
- Gazeta do Povo: Trump anuncia investigação contra o Brasil e cita ataques a empresas dos EUA
- Revista Oeste: Lula aposta em luta de classes com taxação de ricos, mas já teve R$ 18 milhões em impostos perdoados
- Folha S. Paulo: Tarcísio diz que ‹qualquer candidato› de centro-direita dará indulto a Bolsonaro