Estive terça e quarta em Brasília, no Congresso Brasileiro de Jornais Diários do Interior, que reuniu 185 jornais de dez estados. Paralelamente aconteceu nova Marcha dos Prefeitos que saiu frustrada com Dilma.Na abertura do Congresso, o ex-presidente Lula foi o convidado especial e homenageado. Ele democratizou a distribuição de mídia, levando também para os jornais do interior do Brasil a divulgação dos atos do governo. Lula aproveitou bem o momento. Fez comparativos. Enquanto o ‘Luz para Todos’ era manchete nos jornais do interior, os grandes jornais, quando foram atendidos 15 milhões, dos 16 milhões de pessoas previstas, davam como manchete que tinha 1 milhão de pessoas sem luz. Enquanto os jornais do interior dão manchete da construção de uma UPA – como a Folha faz – os grandes jornais e Tvs falam do caos da saúde, comparou, de forma coerente.Lula traçou muitos comparativos assim, e falou da continuidade do governo, com a reeleição de Dilma, mas senti falta de algo novo. Lula repete a estratégia da divisão, do ‘nós contra eles’, onde o ‘eles’ é a elite e a grande mídia. Penso ser um erro dele e do PT. Tem elite que está ao lado do governo e muitos ‘metendo a mão’, e tem ‘povo’ que não suporta mais a roubalheira dos políticos do PT e seus aliados. Ficou a sensação de que o PT não sabe como avançar, depois das políticas sociais providenciais implantadas até agora.

Na quarta, o senador Aécio Neves falou no Congresso dos jornais por alguns minutos, ao meio dia. Neto de Tancredo Neves, foi deputado, senador e governador de Minas, uma experiência importante para um candidato a Presidência. Citou que Minas é um mini Brasil, pois tem, assim como o país, um sul desenvolvido e o norte/nordeste pobre. Falou da transformação que fez em Minas em seus dois governos e que quer ampliar este trabalho e esta experiência para o Brasil.No final da quarta, o governador pernambucano Eduardo Campos também falou aos jornais. Justificou o seu afastamento dos governos do PT, por ter sentido que a primeira etapa, de mais justiça social, foi alcançada, mas que não vê no governo atual condições de dar o salto que o Brasil precisa e por isso se lança como candidato a fazer isso. Campos citou que é preciso decidir entre dar R$ 21 bilhões no bolsa família ou mais de R$ 40 bilhões em subsídios de juros para produção. Deixou no ar o S de sua sigla.Dos três pronunciamentos, que ouvi atentamente, depreendi que o PT não tem um projeto para dar o salto que o Brasil precisa. Lula, com a tática do ‘nós contra eles’, mostra ódio e ‘sangue nos olhos’. Um perigo.Aécio Neves tem experiência politica e administrativa bem sucedida em Minas e o suporte do Plano Real que seu partido criou com FHC. Mas precisa vencer a imagem de playboy despreocupado que passa.Eduardo Campos, apesar de palavras apressadas, e o improviso, não vejo como pronto para ser Presidente.Fica no ar uma desesperança. Ninguém empolga por completo aos que querem um Brasil melhor de verdade, como eu, com mais competência, com honestidade, que pense no país e não em se manter no poder.