Restrição de pesquisas em eleições

O senador catarinense do PMDB, Luiz Henrique, apresentou proposta de emenda à Constituição (PEC), que proíbe divulgação de pesquisas 15 dias antes de eleições, como já foi até as eleições de 1988. A PEC já virou polêmica e sua votação na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, tem sido adiada.A proposta levanta um assunto realmente polêmico. Lembro do ex-deputado Gleno Scherer, quando dizia que antigamente, da barriga da mulher e da urna eleitoral, era preciso esperar para saber o que sairia. Desde a ecografia e das pesquisas eleitorais, isso não é mais preciso.Quem é a favor, defende o direito da liberdade de informação. Quem é contra defende que as pesquisas acabam privilegiando os favoritos, na medida em que desmobilizam campanhas de quem está em desvantagem e assim induzem ao voto útil.Relembro dois momentos de eleição aqui em Venâncio para exemplificar situações diferentes. Na eleição de 1988, o então vice-prefeito, Jader Ribeiro Rosa, deixou o PMDB,se filiou ao PDS, na oposição, e concorreu a prefeito, contra Glauco Scherer, candidato do prefeito Almedo Dettenborn no PMDB. A Folha realizou pesquisa eleitoral, que inclusive está sendo replicada agora, na coluna Relembrando, das edições de sábado, que mostra destaques das edições da Folha de 25 anos atrás. O PMDB era tão forte que se deu ao luxo de dispensar o vice Jader, que era favorito para vencer a eleição. Pois quando saiu a primeira pesquisa feita pela Folha, Jader tinha 36,9% das intenções de voto, contra 26,2% de Glauco Scherer, 8,7% de Nelson Stohr (PDT) e 6,4% de Sergio Schaefer (PT) e 10% de indecisos. O fato provocou uma ‘revolução’ no governo municipal. O prefeito Almedo e o partido, fizeram das ‘tripas coração’ e talvez tenha sido a eleição onde o PMDB mais trabalhou em Venâncio. A pesquisa acompanhou o avanço de Glauco. Na última rodada, uma semana antes da eleição, deu Jader com 34,5% das intenções de voto, Glauco na crescente com 34% e 8,7% de indecisos e uma Administração trabalhando a todo vapor. Nas urnas, Glauco venceu por 1.366 votos, equivalentes a 3,9%. A pesquisa mobilizou quem estava em desvantagem e foi considerada como um fator de virada. Jader até hoje tem a convicção de que se não houvesse pesquisa teria sido eleito prefeito.Outro momento foi agora, na eleição de 2012. O prefeito Airton e o vice Giovane foram a reeleição, aliás fato que pela primeira vez se registrou em Venâncio, desde que é permitida a reeleição, com prefeito e vice terminando um mandato juntos e concorrendo a reeleição. A oposição, que tinha maioria no Legislativo, liderada pelo PMDB, com apoio forte do PP, PTB e vários outros partidos, entre lançar o ex-prefeito Almedo, de três mandatos e duas derrotas para prefeito, optou em renovar e lançou o jovem vereador Nilson Lehmen. A Folha realizou pesquisa com o Instituto Methodus, que trabalha para a empresa desde 2004. Era esperada por todos a vantagem do prefeito Airton e a pesquisa confirmou isso. Airton largou com 55% das intenções de voto contra 31,5% de Nilson e apenas 10% de indecisos. Na oposição a aposta era de que a campanha seria a fase de crescer e buscar a virada. Mas dai a pesquisa seguinte, faltando um mês para a eleição, mostrou crescimento da campanha do prefeito Airton, que subiu para 66,3% e queda de Nilson que foi para 27%. A projeção de três votos por um, foi um ‘balde de págua fria’ e praticamente encerrou a eleição. Artus venceu com a maior diferença da história das eleições em Venâncio. Fez 27.154 votos e conquistou a vitória com diferença de 11.206 votos, contra os 15.948 de Nilson Lehmen. As urnas deram 63% para Airton e 37% para Nilson Lehmen. Um exemplo onde a pesquisa foi barreira para quem estava em desvantagem.