A produção do tabaco, o principal produto econômico do Vale do Rio Pardo, e de muitos outros municípios gaúchos, catarinenses e paranaenses, vive constante debate, envolvendo empresas e produtores na disputa por preço ou as duas partes se defendendo de governos e órgãos de saúde que querem erradicar a produção.Com um silêncio, que penso ser apenas aparente, na pressão contra o cigarro e o tabaco, os dias atuais são agitados na queda de braço entre indústria e produtores pelo preço pago na safra. Nesta sexta a Fetag e Sindicatos realizam uma assembleia de protesto no centro de Venâncio, o município que mais produz tabaco no Brasil. Querem reunir mais de dois mil produtores.Apenas três empresas – CTA, Souza Cruz e Philip Morris -, assinaram o protocolo de reajuste que repõe a inflação. Outras pagam preços reajustados só para tabaco do meio pé, o filé da produção. Isso me intrigava e fui buscar respostas. Numa conversa informal com quem trabalha no negócio tabaco, ouvi uma colocação racional.Estamos produzindo tabaco demais, que o mercado não compra. O Brasil já produziu 700 milhões de kg, hoje baixou para 600 milhões de kg, mas tem mercado para vender 500 milhões de kg. é fácil constatar o problema. é que o leste da áfrica, que produz tabaco, passou por guerras civis e viu cair vertiginosamente sua produção, espaço que foi ocupado pelo Brasil quando atingiu seu pico de 700 milhões de kg. Hoje esta região africana retoma sua produção, que caíra para 30 milhões de kg, para chegar novamente perto dos 200 milhões de kg. Detalhe, com custo 50% menor do que o do tabaco brasileiro.Pelo conhecimento acumulado que tenho e pelo senso de observação, arrisco ir mais longe e pensar que são ciclos do tabaco. No século passado os Estados Unidos reduziu sua produção e transferiu para o Brasil seus canteiros nos anos 70, através das multinacionais que aqui desembarcaram, certamente pela pressão exercida em solo americano e pela atração por custos de produção mais baixos aqui.Agora penso que vivemos novo ciclo, onde a pressão contra a produção cresce no Brasil e as empresas estão levando a produção para a áfrica, com custos menores. Como aconteceu com o calçado, que foi daqui pro nordeste por mão de obra mais barate e de la foi para a China.é a leitura que faço. é a lei do capitalismo.E se essa teoria for real, precisamos acelerar o processo não só de diversificação, como se faz hoje, mas de substituição de culturas, para produzir cada vez menos tabaco.
Sérgio Klafke
Um novo ciclo do tabaco?
A produção do tabaco, o principal produto econômico do Vale do Rio Pardo, e de muitos outros municípios gaúchos, catarinenses e paranaenses, vive constante debate, envolvendo empresas e produtores na disputa por preço ou as duas partes se defendendo de governos e órgãos de saúde que querem erradicar a produção.Com um silêncio, que penso ser […]
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