A semana em que os termômetros registraram temperaturas altíssimas, com sensação térmica próxima dos 50 graus, também foi de alerta máximo para o abastecimento de água em Venâncio Aires. O que já era dor de cabeça para o produtor rural, que viu suas lavouras ‘secarem’ nas últimas semanas, não demorou para atingir a área urbana.

Com o avanço da estiagem, arroios e rios começaram a registrar níveis críticos. Enquanto no campo falta, na cidade o apelo vem sendo pelo uso racional da água que ainda tem. Nas propriedades rurais, a situação chega a ser desesperadora para algumas famílias, que precisam do socorro do caminhão-pipa para ter o que beber

Na área urbana, a situação ficou muito crítica nos últimos dias. O arroio Castelhano, responsável pelo abastecimento de água de 95% da população urbana, está no nível mais baixo dos últimos seis anos. A falta de chuva significativa levou o prefeito Jarbas da Rosa, que já tinha decretado situação de emergência em função dos prejuízos na agricultura, a publicar um novo decreto nessa sexta-feira, 14. Desta vez, determinando racionamento de água potável. Quem descumprir, fica sujeito a penalizações. O mesmo fez o prefeito de Mato Leitão, Carlos Bohn, na quarta-feira, 12.

Nesta semana, o reponsável pela Patrulha Agrícola de Venâncio Aires, relatou à reportagem da Folha que o telefone da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural e o celular dele, não param de tocar. São pedidos e mais pedidos de cargas de água. Em média, 80 mil litros de água, que são captados no Parque Municipal do Chimarrão, são levados às famílias do interior, por dia. Nessa sexta-feira, 14, Venâncio atingiu a marca de 1 milhão de litros de água entregues desde que iniciou a estiagem.

Na redação da Folha do Mate e também na Rádio Terra FM, nos últimos dias, também chegaram depoimentos e denúncias relacionadas ao tema. Na quinta-feira, 13, por exemplo, uma moradora do interior relatou que estava angustiada à espera da carga de água, pois estava ficando sem água para beber e que a louça e as roupas sujam já se acumulavam dentro de casa. Nessa sexta, outra ligação importante. Desta vez, uma mulher denunciava que crianças estavam brincando com uma mangueira de água.

São situações diversas, com ‘fontes’ de água diferentes, mas que exemplificam o quanto precisamos avançar quando a demanda é coletiva. A responsabilidade e a consciência são palavras tão comuns em campanhas e alertas, mas poucos entendem o quanto, de fato, cada gota de água conta.

Juliana Bencke

Editora de Cadernos