As relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos podem parecer um assunto distante, mas o tarifaço imposto pelos norte-americanos sobre produtos brasileiros, especialmente o tabaco, não está longe dos nossos olhos nem do nosso bolso. A decisão do governo de Donald Trump de manter a tarifa de 50% sobre o tabaco brasileiro, a partir de 6 de agosto, atinge diretamente a economia de Venâncio Aires e região.
O tarifaço de 50%, segundo o SindiTabaco, provocará uma redução drástica nas exportações para aquele que é o terceiro maior comprador do tabaco do Brasil. Só em 2024, foram quase 40 mil toneladas embarcadas ao país, gerando mais de US$ 250 milhões em receita. Venâncio Aires respondeu por uma fatia importante desse volume: o município foi o sexto maior exportador gaúcho para os EUA no ano passado, com US$ 111,1 milhões em produtos embarcados, principalmente tabaco processado.
Redução nas exportações significa contratos futuros em risco, menor circulação de dinheiro e, naturalmente, impacto no consumo das famílias e no desempenho do varejo. É o que alerta estudo da Fecomércio, divulgado na última semana, que aponta a região de Santa Cruz como a mais afetada, proporcionalmente, pelo tarifaço.
Ainda que o Sistema Integrado de Produção de Tabaco garanta a compra do que já foi contratado com os produtores, a incerteza sobre o destino das 40 mil toneladas previstas para o mercado americano em 2025/26 gera insegurança. Redirecionar essa produção para outros países é o caminho que se desenha, mas está longe de ser fácil em um mercado competitivo e exigente.
Diante deste cenário, é fundamental que lideranças políticas e empresariais se mobilizem para buscar alternativas comerciais e não permitam que a economia, os empregos e os cidadãos sejam penalizados por um ‘canetaço’ com peso político e ideológico. O impacto da tarifa dos Estados Unidos não é uma questão apenas de diplomacia ou estratégia comercial. O exemplo de Venâncio e da região mostra que essa também é uma questão de desenvolvimento local. O Brasil precisa agir para proteger setores que sustentam municípios inteiros e colocam renda no bolso de milhares de famílias.