A educação, depois da saúde da população, talvez seja o maior desafio imposto pela pandemia do novo coronavírus. Já chegamos ao último trimestre de 2020 e o retorno das aulas presenciais ainda não é uma realidade em todas as escolas. No centro desta discussão está a segurança dos alunos, professores e funcionários, os impactos na aprendizagem e a conclusão do ano letivo. O assunto divide opiniões e gera discussões profundas entre especialistas da área.

Em Venâncio Aires, a volta à sala de aula começou pela Educação Infantil da rede particular, no início do mês de setembro. A Capital do Chimarrão foi um das poucas cidades gaúchas que retomaram o atendimento logo após a liberação do Estado.

Na próxima semana será a vez da retomada das aulas presenciais da rede estadual, começando pelo Ensino Médio. Durante o anúncio, o governador Eduardo Leite lembrou que “muitas escolas privadas já retornaram, e esse retorno se demonstrou seguro, sem intercorrências, sem problemas”. É com base neste cenário – de estabilização da velocidade de transmissão e das internações por coronavírus – que o Estado anunciou regras e protocolos para o retorno de alunos. Esse retorno, na prática, depende da chegada dos materiais de limpeza e higiene e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), o que deve chegar em todas as escolas até o começo da semana. Além destes materiais, é importante citar que cada escola precisa de um Centro de Operações Emergenciais de Saúde para a Educação (COE-E) local, de um Plano de Contingência já autorizado e a assinatura do protocolo de sanitização para retomar as atividades presenciais. O transporte escolar, que era uma das preocupações em Venâncio Aires, está garantido, por meio de um convênio com o Município.

Enquanto isso, o retorno da rede municipal de Venâncio, segue sem previsão. Para a Secretaria Municipal de Educação, a melhora nos indicadores de transmissão do coronavírus é necessária para garantir um retorno seguro. Mesmo sem data, a rede municipal já adquiriu materiais de higiene e EPIs para serem utilizados a partir do retorno das atividades. Mesmo que o retorno ocorra ainda neste ano, o Conselho Municipal de Educação aprovou um plano de ação que possibilita que o ensino siga híbrido, parte em casa, parte na escola.

Segurança é fundamental nesta retomada e, sabe-se que a realidade de cada município e a estrutura das esferas públicas e privadas são diferentes. Por outro lado, parcela da população questiona o motivo de bares, restaurantes, eventos retornarem atividades, enquanto que escolas seguem de portas fechadas.

O desafio (urgente) é encontrar o melhor caminho para minimizar os efeitos da pandemia na educação, inclusive nos índices de qualidade do ensino. O Conselho Nacional de Educação (CNE) já aprovou, na última semana, a prorrogação do ensino remoto na educação básica até o dia 31 de dezembro de 2021 e sugere que sejam adotados anos escolares contínuos, o que permite juntar a série em que o estudante está neste ano com a próxima, em 2021.

A aprendizagem de todas as gerações impactadas pela pandemia está em jogo. Nesta balança não está apenas a condição do Estado de autorizar determinadas atividades em cidades que retornaram aulas presenciais. Nesta decisão estão milhares de trajetórias escolares e, consequentemente, futuros que dependem desta formação. Este debate desafia os gestores públicos, e é preciso sabedoria para garantir que essa retomada seja tratada com rigor e responsabilidade.