Na atualização semanal do modelo de Distanciamento Controlado, anunciada no começo da noite nesta sexta-feira, 31, a região de Venâncio Aires permaneceu na bandeira laranja. O anúncio traz um sentimento de alívio, pois não será necessário o encaminhamento de um recurso regional, como nas três semanas anteriores em que região foi classificada, preliminarmente, com a bandeira vermelha.
Entretanto, a permanência na bandeira laranja não elimina a preocupação manifestada nesta semana pelas autoridades da área de saúde de Venâncio Aires. O período foi classificado como o mais preocupante desde que iniciou a pandemia de Covid-19. Depois de um pico de casos registrado no mês de maio, provocado, principalmente, pelos casos contraídos em frigoríficos de Lajeado, a Capital do Chimarrão volta a registrar nova escalada, como mostra o gráfico atualizado da Folha do Mate e divulgado na edição deste fim de semana. O quadro mostra o aumento da curva que foi analisada com base nos casos registrados a cada semana, desde o dia 13 de abril, quando o primeiro caso foi confirmado.
Parte dos 58 casos positivos confirmados somente nessa semana está relacionada à testagem em massa que iniciou na segunda-feira, 27, com a aplicação de testes nos profissionais de saúde da Capital do Chimarrão. Porém, muitos casos novos, segundo depoimento da médica infectologista Sandra Knudsen e reiterado pelo prefeito Giovane Wickert, estão surgindo em núcleos familiares ou de grupos de amigos. Ou seja, reforça a teoria de que nos ambientes de trabalho, o que inclui o comércio e as indústrias, as medidas preventivas estão sendo seguidas à risca e que não seria justo penalizar a economia com uma bandeira vermelha, já que é na falta de consciência de alguns grupos que ‘mora’ o descuido e a irresponsabilidade.
Foi a sensação de que tudo estava voltando à normalidade que provocou aglomerações, desde encontros em locais públicos, entre eles, postos de gasolina, até encontros sociais entre amigos e familiares. Detalhe: em muitos destes locais as pessoas não estavam usando máscara, o que contribuiu para uma nova onda de casos.
A consequência disso chegou rapidamente: o aumento do número de casos de coronavírus, que coloca em risco a capacidade de atendimento na rede de saúde pública e protela, ainda mais, a retomada das atividades, como a dos profissionais de transportes, escolas e eventos que, em carreata realizada nesta sexta-feira, 31, pediram por socorro financeiro.
Diferente do que parcela da população ‘achou’ que estava acontecendo, o tom de alerta e preocupação das autoridades e da classe médica está embasado em números. Esses dados evidenciam uma disparada dos atendimentos no Centro Respiratório, instalado junto ao Pavilhão São Sebastião Mártir e o aumento das internações relacionadas a síndromes respiratórias. Soma-se a isso, a dificuldade que o Hospital São Sebastião Mártir vem enfrentando para adquirir medicamentos que são usados nos tratamentos de pacientes com quadros mais graves da Covid.
O relaxamento dos últimos dias está colocando em risco o funcionamento do comércio e das indústrias nas próximas semanas. E se isso acontecer, quem perde, não são apenas os empresários que já não suportam mais prejuízos, mas toda a população. Ninguém quer ver tudo fechado, mas a imprudência de alguns pode prejudicar todos. Não adianta a conscientização de alguns, nem mesmo os esforços do poder público e do hospital, se toda a população não fazer sua parte.
O momento é de manter os cuidados. O uso de máscara é obrigatório e considerado uma barreira essencial e eficaz no combate ao contágio. Quando falamos de prevenção, não há plano B. Devemos nos prevenir ou nos prevenir. A mensagem “fique em casa, se puder”, segue tendo o mesmo peso.