A conta não fecha mais. Esta é a afirmação mais ouvida quando o assunto é a produção. A preocupação já estava instalada havia um bom tempo, mas agora virou desespero, praticamente. Os aumentos nos preços dos insumos deixaram os produtores literalmente em apuros. Além da dificuldade do ofício, muitos dizem que estão pagando para trabalhar, pois os itens que comercializam não tiveram incremento de valor proporcional aos gastos para a produção.
A situação é tão delicada que foi necessário um ‘grito’ dos agricultores e de entidades representativas do setor. Primeiro, reuniram-se em audiência pública em Porto Alegre, convocada pelo deputado federal Heitor Schuch (PSB), representante da Comissão de Agricultura da Câmara. Marcaram presença ainda os presidentes da Frente Agropecuária Gaúcha na Assembleia Legislativa, deputado estadual Elton Weber (PSB), e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Carlos Joel da Silva.
O próximo passo é levar a aflição ao Governo Federal, em busca de alternativas que possam amenizar o temor dos produtores. Em Brasília, representantes dos três estados do sul – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul – pretendem se reunir com a Petrobras, Ministério da Economia, Ministério da Indústria e Comércio Exterior, fabricantes e revendedores de adubos e outras entidades ligadas à cadeia produtiva. Há quem acredite que é possível faltar alimento nos supermercados – e nas mesas das famílias brasileiras, por consequência – em virtude de uma eventual debandada dos produtores das propriedades do interior.
Uma informação que também chama a atenção é de que a safra 2021/2022 será a mais cara do século, de acordo com levantamento apresentado pela Fetag. Protestos e até a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a formação dos preços dos insumos estão entre as sugestões dos produtores e lideranças do setor. O que já é dado certo é o reflexo destes problemas em relação ao consumidor final. É unânime o posicionamento de que não há outra forma de compensar os gastos que não seja a elevação de valores dos itens à disposição da população. A não ser que o cenário mude drasticamente, teremos um período complicado para vencer.