A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Venâncio Aires foi a primeira inaugurada no Vale do Rio Pardo, em 2014. Quando abriu as portas, era classificada como porte 1, ou seja, precisava oferecer dois médicos 24 horas, raio-x na unidade e abranger uma população entre 50 mil e 100 mil pessoas. Em 2017, quando o Ministério da Saúde redefiniu as diretrizes das UPAs, a unidade venâncio-airense passou a ser modelo 3: atender 150 pessoas por dia e oferecer dois médicos de dia e dois de noite. Mas, ano após ano, os números da UPA vêm aumentando significativamente e, atualmente, tem uma média de 210 pacientes diários e oferece três médicos diurnos (todos os dias da semana), dois noturnos (a semana toda) e um quarto médico das 10h às 22h de segunda a sexta.
Atender mais pessoas e dispor de uma equipe maior não é algo negativo, mas tudo tem um custo e o da UPA praticamente dobrou em 11 anos. Hoje, são cerca de R$ 820 mil mensais, repassados pelo Hospital São Sebastião Mártir (HSSM), que é o responsável pela gestão da unidade. O problema está nas partes envolvidas no envio do dinheiro. O Ministério da Saúde, com R$ 170 mil, e o Estado, com R$ 135 mil, não reajustaram os valores, que são os mesmos de 2014. Com isso, a complementação vem batendo à porta da Prefeitura: no início, o Município desembolsava R$ 115 mil, mas hoje precisa garantir mais de meio milhão todo mês — quase cinco vezes o valor que destinava em 2014.
Se a UPA já atende mais pacientes por dia e dispõe de mais médicos, é justo que ela continue enquadrada no modelo 3? E, mesmo que venha uma readequação de porte, passando para o modelo 4, isso garantiria mais recursos por parte da União? O caminho não é simples, ainda mais que, considerando o critério do Ministério da Saúde (população abrangida), a UPA de Venâncio não abrange mais de 100 mil pessoas, mesmo somando com os três municípios da microrregião.
Fato é que, entre UPA, hospital e Prefeitura, há o entendimento de que a unidade do bairro Cruzeiro precisa ser melhor remunerada. Para isso, mesmo com números que deveriam ser suficientemente convincentes, também há necessidade de movimentação política e o prefeito Jarbas da Rosa levou a questão para Brasília. O que ouviu lá não foi o ideal, já que o orçamento de 2025 está comprometido.
Enquanto isso, por aqui, se tem a garantia de que não há risco para a comunidade e ela continuará sendo atendida 24 horas por dia, sete dias da semana. A estrutura física e de pessoal tem dado conta e a Prefeitura tem garantido os aportes necessários. Mas até onde vai essa capacidade? A UPA, cuja finalidade é atender a situações de baixa complexidade, está virando caso de urgência.