“Ele adora sentar e ficar olhando como se ainda enxergasse.”A afirmação é de Maria Celia Sasse que adotou o amigo de quatro patas, Branco, após encarar com ele as dificuldades do cão que perdeu a visão do olho esquerdo e direito. Um amor que nasceu há mais de três anos e que despertou carinho por um novo amigo.
A dona de casa recorda que conheceu Branco quando ele apareceu na rua Henrique Myllius, no bairro Gressler. “Ele estava ferido, perdeu o olho direito e minha filha acabou cuidando”. Mesmo com o desejo de prestar todo o apoio ao animal, a família enfrentou dificuldades para deixá-lo preso em um pátio fechado. “Ele não se adaptou, cavava o gramado e uivava muito”, lembra. Branco só era levado para dentro de casa em ocasiões especiais, por exemplo, quando ocorria a explosão de fogos de artifício.
Mesmo sendo dócil e amigável desde o início da relação, Maria Celia conta que no período em que Branco não se adaptou em ficar preso no pátio, o marido Altemio Sasse acabou comprando uma casinha e colocando-a em frente a casa e com o tempo Branco passou a criar um carinho e sair atrás de seus cuidadores. “Ele era livre, pois estava solto e todos ali próximos gostavam dele”, destaca.
Pra mim foi um amor que cresceu a cada dia mais
De acordo com Maria Celia, em 2015, Branco resolveu desparecer e assustar a todos. “Ele simplesmente sumiu por uma semana. Quando meu marido ligou para a rádio, logo em seguida recebemos a informação de que ele estava próximo ao IFSul”, destaca. Foi então que Maria Celia percebeu que a amizade em relação a Branco só aumentava.
Amigo BichoNo entanto, um certo dia enquanto a família saboreava um chimarrão em frente à residência, presenciaram o atropelamento do animal por um veículo que não prestou socorro. “Ele gritou muito, corremos para ver o que tinha acontecido, mas aparentemente não estava machucado”, lembra. Mesmo assim, ficaram em alerta em relação ao estado de saúde. No dia seguinte, uma bolha de sangue havia aparecido no olho esquerdo e foi então que a família entendeu o motivo do animal gritar tanto.
Na busca por um veterinário, recebeu-se a notícia de que não se tinha o que fazer com Branco. “Ficamos só observando e como aparentemente aquilo não atrapalhava, deixamos assim. Na voltar de uma viagem em novembro, encontramos ele pior”, diz a dona. Com isso, Maria Celia resolveu levá-lo a uma Clínica Veterinária em Venâncio Aires, quando recebeu a notícia de que seria necessário retirar o olho de Branco. “Cheguei em casa, coloquei uma foto no Facebook e pedi socorro”, recorda.
Foi a partir dessa atitude que Maria Celia conheceu a Associação Amigo Bicho, que prestou auxílio no tratamento de Branco. “Eles me autorizaram a levá-lo em uma clínica parceira da Amigo Bicho. Recebi antibiótico e precisei cuidar com ainda mais atenção dele durante quinze dias. No dia 24 de dezembro de 2016, sem efeito nenhum dos medicamentos, tivemos que interná-lo e fazer a retirada do olho. Foi então que resolvi adotar ele de verdade”, destaca.
Sem visãoApós perder os dois olhos, a dona de Branco conta que foi difícil ver o animal esbarrando em objetos dentro de casa. No início, ele usava um cone e não tinha risco de se machucar. “Mas doía muito em mim ver aquele bichinho que era acostumado a correr livre, naquele estado, dependendo da gente pra tudo”, salienta.
Hoje, Branco está dentro de casa e recebe todos os cuidados necessários da família de Maria Celia, que adora o animal. “às vezes ele para no portão e fica me esperando até eu ir colocar ele no caminho da casinha”, comenta.
