Como acontece seguidamente, os estelionatários voltaram a fazer vítimas que residem em Venâncio Aires. A última é um agricultor que reside no interior do município. Ele foi ‘sorteado’ e ganhou uma soma em dinheiro de uma empresa de telefonia. Mas, para receber o valor, deveria fazer depósitos bancários – e os fez – que ultrapassaram os R$ 2.300 mil. O dinheiro entrou em contas de desconhecidos, mas o agricultor não sentiu o gostinho do seu prêmio.
Para o delegado Vinícius Lourenço de Assunção, os estelionatários são pessoas preparadas e se dedicam para atrair, escolher as vítimas e ter vantagens financeiras com seus golpes. No entanto, ressalta o titular da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), é a ganância das pessoas que fomenta os crimes.
A última vítima de um golpe aplicado em Venâncio Aires – que a polícia tem conhecimento, pois é sabido que a maioria dos casos, por vergonha das vítimas, não são denunciados – é um agricultor, de 29 anos. Ele recebeu uma mensagem, via celular, informando que ganhou R$ 10 mil em um sorteio feito por uma empresa de telefonia.
A vítima, que pediu para não ter o nome revelado, denunciou ontem pela manhã o caso na DPPA. Com três extratos de transferências bancárias, relatou como tudo aconteceu. Ele explicou que após manter contato com a ‘empresa’, o mandaram ir até uma determinada agência bancária, onde seria orientado como proceder para receber o seu prêmio.
Pensando que iria engordar sua conta bancária, o agricultor foi até a agência e entrou em contato com a ‘empresa’. O homem conversou com uma pessoa, que deu andamento ao golpe. “Ele me passou para outra pessoa, dizendo que era o gerente da empresa. Não sei dizer o que aconteceu, mas eu acabei caindo no golpe”, mencionou a vítima, que disse estar envergonhada.
Enquanto conversava com o ‘gerente’, o agricultor foi orientado a depositar R$ 1.200 mil e então teria os R$ 10 mil repassados para a sua conta. Imediatamente fez uma transferência e em seguida recebeu uma nova ligação, da mesma pessoa.
Desta vez, lhe pediram um depósito de R$ 799 para efetivar a entrega do dinheiro. A vítima transferiu o valor solicitado e, minutos depois, recebeu mais uma ligação, onde a pessoa pediu um último depósito, de R$ 400. O agricultor fez uma nova transferência e então suspeitou que poderia estar sendo vítima de um golpe. No total, perdeu R$ 2.399 mil.
CUIDADOSPreocupado com esta onda de golpes – foram dois em menos de 24 horas -, o capitão Fábio Bilhar fala em prevenção. Ele pede que as pessoas orientem as vítimas em potencial, que são os idosos, e salienta a necessidade de sempre denunciar uma situação estranha. “é importante que o caso seja repassado imediatamente à polícia, para que possamos agir e prender estas pessoas”, pediu.
O oficial ressalta que não existe a possibilidade das pessoas oferecerem dinheiro fácil, em troca de favores. Ele cita a ingenuidade, mas também a ganância das vítimas, além da habilidade dos estelionatários. “Então se você suspeitar que estão tentando lhe aplicar um golpe, entre em contato conosco o mais rápido possível”, orientou.
A HISTóRIA DE UM GOLPE
Um caminhão de prêmios A história a seguir é verídica e aconteceu em um dos municípios onde o delegado Vinícius Lourenço de Assunção atuou, antes de vir para Venâncio Aires. A pedido dele, não será mencionado o nome da cidade e maiores detalhes que possam identificar a vítima.O golpe foi praticado via telefone. Um morador recebeu uma ligação, informando que tinha sido sorteado com um caminhão de mercadorias do ‘domingão do Faustão’. Na época era comum as empresas de televisão tomarem horas de seus telespectadores, mostrando este tipo de promoção – e que eram verdadeiras -, mas nunca feitas via telefone. O cidadão conversou com o golpista e soube que receberia um caminhão com móveis e eletrodomésticos para montar uma casa. Porém, como a carga viria de outro estado, era preciso apenas pagar o frete e o seguro das mercadorias, em um total de R$ 3.900. A vítima concordou, fez o depósito e foi orientado a não falar nada a ninguém, pois o caminhão chegaria em um domingo, pré-agendado, e que seria uma surpresa para todos os demais moradores da cidade. A vítima se preparava para receber a mercadoria, quando recebeu nova ligação. O golpista disse que havia tido um engano e que eles haviam sorteado dois caminhões com prêmios, ao invés de um só. Caso a vítima quisesse, poderia receber os dois prêmios; senão, o prêmio acumularia e seria entregue ao próximo sorteado. Ganancioso, o homem disse que aceitava e então soube que precisaria fazer um novo depósito de R$ 3.900, para custear o frete e o seguro. Feito o pagamento, foi agendado o dia da entregue. E, para ‘esquentar’ ainda mais o estelionato, o golpista orientou a vítima a preparar uma festa, fazer uma churrascada e convidar os amigos. Porém, deveria manter sigilo, pois a chegada dos caminhões com as mercadorias seria uma surpresa. O delegado Vinícius lembra que a vítima montou uma estrutura na praça, contratou carro de som, convidou os amigos e fez uma churrascada. “Então foi uma hora, duas horas, três horas, quatro horas e nada e então a vítima pegou o microfone e, desolada, contou a todos os que estava acontecendo e anunciou que achava que tinha caído em um golpe”, recordou o delegado.