Quando se formou no curso de Ciências Contábeis da Universidade de Ijuí, em 1992, Maristela Azambuja, 51 anos, jamais imaginava que faria sua carreira profissional em um município distante quase 300 quilômetros da sua terra natal, Catuípe, e que na época ainda nem existia oficialmente. Também sequer cogitava atuar na área pública.
Ela morava em Ijuí, onde trabalhava em um escritório de contabilidade, quando conheceu o local que havia recém se emancipado de Rio Pardo. Foi numa visita a um parente que havia se mudado de Venâncio Aires para o novo município de Passo do Sobrado, que ela esteve pela primeira vez no município onde, mais tarde, conheceria o marido Flávio Gelsdorf, formaria família e construiria sua trajetória profissional.
Mas, na época, nada disso passou pela cabeça da jovem contadora de apenas 21 anos. Afinal, os planos eram ir morar em Santa Catarina. E ela não cogitava atuar no serviço público. “Nessa visita que fiz a Passo do Sobrado, uma semana após a eleição, em outubro de 1992, conheci o Gilberto Weber, que tinha sido eleito prefeito, e um tempo depois ele me pediu para enviar currículo e me convidou para assumir como contadora do Município”, relata Maristela.
Ela demorou a se convencer de que era uma boa oportunidade, mas decidiu se desafiar. Em 15 de dezembro de 1992, começou a trajetória como servidora pública de Passo do Sobrado, junto de outros poucos funcionários administrativos. Como tudo precisava ser criado do zero e não existia nem mesmo Prefeitura, inicialmente, o trabalho ocorria no pavilhão da igreja.
“Foi um começo muito difícil. Éramos umas seis pessoas no administrativo. Tudo foi feito em conjunto e trabalhamos muito fora de hora, tudo era implementado aos poucos e a equipe sempre se reunia para avaliar a forma como o trabalho estava sendo feito. Como servidores públicos, estávamos a serviço da população e a expectativa dos munícipes era muito grande com a emancipação”, recorda.
Maristela destaca que, em meios aos desafios dessa fase inicial, a coordenação do trabalho, por parte do então prefeito Gilberto Weber, foi muito importante. “Ele exigia, mas sempre nos motivava, era um grande líder. Incentivava todos a buscarem o conhecimento necessário para fazer o que precisávamos”, ressalta.
Trajetória
Após concurso público no fim de 1993, no ano seguinte, Maristela foi empossada como contadora concursada da Prefeitura. Ao longo dos mais de 31 anos como funcionária pública, acumulou o cargo de secretária de Finanças, entre abril de 1993 e 1996, de 1997 e 1998 e em 2005 e 2006.
Desde então e até 2017, também foi responsável pelo Controle Interno. No período, todos os projetos importantes para o desenvolvimento do Município passaram, de alguma forma, pelas mãos dela. “A contabilidade está sempre se atualizando e buscando a melhor forma para que cada secretaria desenvolva seu trabalho e invista os recursos”, comenta.
Além dos avanços tecnológicos e da chegada da internet, que alteraram a rotina de trabalho, a contadora também cita as mudanças de moeda no país, os altos e baixos da economia e a burocracia como fatos que marcaram as três décadas como servidora pública.
“Cada administração municipal vem com a sua metodologia, mas, independente disso, sempre mantemos um serviço técnico, ético e profissional”, salienta ela, que deve se aposentar ainda este ano, mas, por enquanto, não imagina o dia a dia longe da Prefeitura. “Sou grata e tenho orgulho desses 30 anos como servidora pública. É gratificante a oportunidade de acompanhar e participar do desenvolvimento do município.”