“O consumo consciente é a prática de repensar os hábitos de consumo promovendo um estilo de vida mais sustentável e equilibrado. Trata-se de consumir de forma responsável, considerando o impacto positivo ou negativo que nossas escolhas provocam no meio ambiente, na economia e na sociedade”, define a página EcoCâmara, da Câmara dos Deputados.
A priori, a definição centra a responsabilidade no consumidor, mas para que o consumo consciente não seja exceção e se torne regra na sociedade, a doutora em Engenharia, com atuação focada na área de Tecnologia Ambiental, Adriane de Assis Lawisch Rodriguez, destaca a importância da responsabilidade ser compartilhada com empresas e governos.
Ela observa que isso não exclui a responsabilidade dos indivíduos, que seguem tendo papel fundamental na escolha de produtos mais duráveis, reutilizáveis e de marcas que tenham compromisso com a sustentabilidade.
Às empresas, por sua vez, Adriane menciona que cabe a tarefa de repensar a forma como produzem, adotando a economia circular e reduzindo impactos. “As certificações ambientais de produtos, processos e serviços como ferramenta de informação estratégica, auxiliando a tomada de decisão por parte dos consumidores, deve também ser levada em consideração”, complementa a professora, que coordena os cursos de Engenharia Ambiental, Engenharia Agrícola e Engenharia Química da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).
Já os governos, segundo ela, têm que criar e fiscalizar regras, além de dar incentivos para quem trabalha de forma sustentável. “No fim das contas, só com a união desses três atores é que o consumo consciente consegue virar regra e não exceção”, enfatiza.
AVANÇOS
Segundo a professora Adriane, a pauta do consumo consciente tem avançado e isso pode ser percebido em ações simples do dia a dia. Entre os exemplos citados por ela estão o crescimento de brechós e a ampliação de iniciativas que buscam reduzir o uso de plásticos descartáveis em várias cidades. Ainda assim, ela ressalta que o ritmo dessas mudanças não acompanha a urgência dos problemas ambientais. “As emissões globais de gases de efeito estufa continuam em crescimento, e padrões de consumo intensivos em energia fóssil e recursos naturais seguem predominantes”, aponta a doutora em Engenharia.
“O que precisamos agora é dar um passo maior: transformar essas iniciativas individuais em práticas coletivas, apoiadas por políticas públicas e empresas que assumam de fato um compromisso com a descarbonização e a economia circular”, conclui.
Fazer a diferença começa com mudanças simples no dia a dia
Quais mudanças de hábito no cotidiano têm maior impacto na redução dos danos ambientais? Para a doutora em Engenharia com atuação focada na área de Tecnologia Ambiental, Adriane de Assis Lawisch Rodriguez, pequenas mudanças já fazem grande diferença.
“Trocar o carro pelo transporte público (quando possível), usar a bicicleta para se movimentar na cidade ou fazer uso da carona também ajuda bastante. Reutilizar roupas, móveis e objetos, em vez de descartar logo, é outra prática que reduz resíduos. E claro: substituir descartáveis por itens reutilizáveis sempre que possível. Quando somadas, essas pequenas escolhas mudam o padrão de consumo e criam uma cultura diferente, muito mais responsável”, explica.
Outro desafio é superar barreiras como o preço mais alto de produtos sustentáveis. Segundo Adriane, “o preço realmente é uma barreira, e muita gente sente isso no bolso. Mas dá para superar de algumas formas. Os governos podem ajudar com incentivos e políticas públicas, e as empresas, produzindo em maior escala, a partir de tecnologias limpas, conseguem baixar custos.”
A professora da Unisc também acrescenta que é preciso repensar a ideia de que sustentabilidade é sempre cara. “Muitas práticas conscientes, como reparar, reutilizar, compartilhar ou comprar em brechós saem até mais baratas do que o consumo tradicional. Também é importante entender o valor real das coisas, incluindo o impacto ambiental que geralmente ‘não aparece na etiqueta’”, completa.
Na Câmara de Vereadores, copos plásticos deram lugar a canecas permanentes
Partindo da ideia de que pequenas mudanças podem gerar grandes impactos, a Câmara de Vereadores de Venâncio Aires deixou de utilizar copos plásticos descartáveis no início de agosto. No lugar deles, foram entregues canecas reutilizáveis a todos os colaboradores. A iniciativa, que parece simples, traz efeitos significativos no longo prazo, evitando o descarte de centenas de copos todos os meses. Além disso, reforça a importância de pequenas mudanças de hábito que, somadas, contribuem para um futuro mais sustentável.
O presidente da Câmara, vereador Dudu Luft, destaca que a ação é simbólica, mas de enorme relevância: “Essa é uma mudança prática simples, mas que tem um significado muito importante. Cada atitude conta, e a substituição dos copos plásticos por canecas mostra o compromisso da Câmara com a responsabilidade ambiental. Não estamos falando apenas do mês do Meio Ambiente, mas de uma postura que deve estar presente o ano inteiro, dentro e fora daqui”, considera.
Para a assessora de imprensa da Casa Legislativa, Fernanda Bergmann, o novo item já virou um companheiro inseparável. “Antes, a quantidade de copos plásticos que a gente usava e descartava era enorme. Agora, com a caneca, além de evitar desperdício, a gente também reforça esse compromisso com a sustentabilidade. Foi uma medida muito positiva”. (Fonte: AI Câmara de Vereadores)