A pecuária está entre as principais atividades primárias de Vale Verde. O gado ocupa a 4ª posição entre os produtos que mais contribuem com a formação do Valor Adicionado Fiscal (VAF) do município. Em representação econômica, está atrás apenas da soja, do tabaco e da produção de ovos. Atualmente, o rabanho bovino é de 17,2 mil cabeças.
“Nos últimos anos, com o avanço das áreas de soja, o rebanho de corte reduziu um pouco. Já se teve 20 mil cabeças no município e o campo nativo era usado exclusivamente para essa criação”, observa o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, João Antônio Leal da Silva. De acordo como ele, apesar da diminuição do rebanho, na entressafra, muitas áreas de soja são utilizadas para criação de gado.
O extensionista rural da Emater explica que o fato do gado ficar solto no campo, com alimentação de pastagem – não apenas silagem –, garante o sabor diferenciado à carne. “Nada se iguala ao gado de campo. O animal ‘verde’ é o que garante a carne nobre, e temos essa tradição em Vale Verde”, explica.
Débora Kroth Mendonça, 48 anos, é uma das pecuaristas do município. Na Fazenda Querência Velha, localizada na estrada Buraco Fundo, ela dá seguimento a um legado familiar de gerações, iniciado pelos bisavós, há mais de cem anos. Atualmente, são cerca de mil cabeças de gado, nas etapas de cria, recria e engorda.
A fazenda trabalha com as raças Hereford, com terneiros para exportação, e Braford, com comercialização dos animais para um frigorífico de Passo do Sobrado. Débora destaca que a Hereford é uma raça europeia pura e tem como principal diferencial o marmoreio da carne – um manto de gordura que garante o sabor à carne. “Essa camada de gordura derrete dando suculência, sabor e qualidade”, explica.
A sócia-proprietária da Fazenda Querência Velha também ressalta a criação do gado livre como diferencial. “O gado a pasto também garante um maior sabor. Há uma grande diferença, pois a carne confinada tem sabor e odor alterado devido aos produtos industrializados utilizados em excesso, que geram mudanças nos ácidos graxos e alteram o sabor”, explica.
Exportação de terneiros
A Fazenda Querência Velha comercializa terneiros da raça Hereford para o Egito e a Turquia. A sócia-proprietária, Débora Kroth Mendonça, explica que são exportados terneiros de até 12 meses. Em abril, foram apartados animais com média de 260 quilos. Antes da viagem, eles ficam em confinamento para aprender a comer e se adaptar aos meses de viagem de navio.
Rebanho em Vale Verde
- Bovino 17.200
- Ovino 1.396
- Suíno 566
Principais produtos de produção primária
- Produto Valor bruto – Retorno para o Município
- Soja R$ 73.369,296,00 R$ 1.686.672,00
- Tabaco R$ 15.447.961,00 R$ 355.130,00
- Ovos R$ 15.329.564,00 R$ 352.408,00
- Gado R$ 14.316.980,00 R$ 329.130,00
- Arroz R$ 10.011.239,00 R$ 230.146,00
- Trigo R$ 2.556.894,00 R$ 58.780,00
- Leite R$ 2.053.794,00 R$ 47.213,00
- Milho R$ 1.281.118,00 R$ 29.451,00
- Toras/lenha R$ 856.899,00 R$ 19.699,00
Fonte: Secretaria Municipal da Fazenda
Qualidade da carne atrai clientes de diversos municípios
A comercialização da carne também é um destaque em Vale Verde. O município conta com dois açougues, que atraem muitos clientes de outras cidades. “Se formos analisar, Vale Verde é uma cidade pequena para ter dois açougues que vendem mais de 20 animais por semana. Temos muitos clientes de fora e isso mostra o quanto nossa carne é famosa”, ressalta Fábio Kirst, 46 anos, proprietário do Açougue do Fábio, ao observar que essa é uma tradição consolidada há gerações. “É algo antigo, a família Toillier tinha açougue há uns 70 anos”, lembra.
No Açougue do Fábio, moradores de Charqueadas, General Câmara e São Jerônimo estão entre os principais clientes. Além disso, pessoas da região do Vale do Rio Pardo e também de Porto Alegre adquirem carne no estabelecimento.
Para Kirst, além do preço, a qualidade é o principal diferencial da carne de Vale Verde. “Trabalhamos com fornecedores de bois de raça europeia e animais jovens, principalmente de Vale Verde e Passo do Sobrado. E o abate próprio faz muita diferença. Vou até as propriedades selecionar os animais e o abate ocorre num matadouro do próprio município, terceirizado. No dia seguinte a carne já está no açougue, fresquinha para os clientes”, ressalta.