‘Vazamento’ de dados na internet vem se tornando cada vez mais comum. Porém, o que mais espanta e chama a atenção, são os inúmeros casos em que fotos íntimas de adolescentes se espalham pelas redes sociais, especialmente pelo WhatsApp. Não são um, dois, ou três casos. Mas sim, incontáveis que acontecem por ano no Brasil e no mundo.
Muitos desses casos acontecem com meninas que por algum motivo – satisfação com o corpo, para acompanhar o desenvolvimento e mudanças do mesmo, curiosidade ou ainda, para mandar para alguém – tiram essas fotos e acabam deixando-as no celular e, dessa forma, o ‘ficante’, o ‘peguete’ ou o namorado manda para diversas pessoas e as imagens acabam se espalhando.
Há inúmeras questões que rondam essas duas atitudes: a de tirar a foto e a de espalha-lá por aí. Por que as meninas tiram as fotos? Por que tiram fotos para mostrar o corpo dessa forma? Por que mantêm essas imagens no celular? Por que mostram para alguém? Por que mandam para determinada pessoa? Por que a pessoa que recebeu as imagens repassou-as? Por que não viu e as excluiu? Por que pediu para que a pessoa que tirou as imagens as mandasse? Enfim, são diversas perguntas e poucas respostas.
Uma das maiores preocupações de especialistas é a culpa que permanece, durante muito tempo, no pensamento e no psicológico da pessoa que tirou as fotos. Essas adolescentes, muitas vezes, não registram, não procuram ajuda ou alguém que possa dar um suporte nesse assunto, e nem tomam alguma atitude por se sentiram culpadas. A culpa é por ter tirado as fotos, por ter mandado para alguém, por não ter apagado-as do cartão de meória do celular e, ainda, por ter confiado em alguém que disse que não faria nada com as imagens.
Essa culpa que, para muitas pessoas, é ‘bobagem’ e medo das consequências que o ato acarretará, pode, na verdade, fazer com que a pessoa que tirou as fotos cometa atos impensáveis. O número de pessoas que tenta ou se suicida após o ‘vazamento’ de imagens é enorme. Muitas meninas, com medo do que as pessoas irão pensar ou fazer, acabam tirando a própria vida, pois, só assim, acreditam que terão paz.
Esses casos se assemelham as atitudes e aos pensamentos de mulheres que são estupradas. As mulheres que passam por essa situação começam a criar, pouco a pouco, uma culpa gigantesca e passam a crer veementemente que elas são as únicas e verdadeiras culpadas pelo estupro.
O que deve ficar claro nessas duas situações é que, independente da opinião da sociedade, essas adolescentes e/ou mulheres não podem ser responsabilizadas sozinhas – e muitas vezes não podem ser responsabilizadas de forma alguma. Mesmo que possivelmente tenham errado, não foram as únicas. Quem compartilhou, enviou e fez com que as fotos repercutissem também tem sua parte de responsabilidade na história. Nada foi feito por uma única pessoa e é preciso que isso fique visível e seja aceito por todos.
As adolescentes que passaram por situações de divulgação de imagens íntimas precisam entender que não são culpadas, mas sim, que cometeram um erro e que é preciso aprender com isso. Erros acontecem, para que possamos aprender com eles. Por isso, a culpa deve ser deixada de lado, mesmo que as pessoas em volta digam o contrário, e as lições dos momentos difíceis devem ser tiradas, para que, no futuro, essa mesma menina, se torne mais forte.