Quer conviver com muitas pessoas e trocar experiências? Então talvez a hospedagem em um hostel seja a opção adequada para uma viagem ou mochilão.
Na edição em que o Na Pilha! sugere que sua audiência internacionalize-se, reunimos as dicas dos mochileiros e cicloturistas Emerson Tuta Santos e Felipe Martins. Eles, que já conheceram muitos países e toparam grandes aventuras, explicam o que você precisa saber. Confira abaixo:
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Quais as vantagens de se hospedar em hostels?
Tuta – Em questão de preço, é vantagem utilizar o hostel se você viaja sozinho, ou até em dupla. Se estiver entre três pessoas ou mais pode encontrar quartos em hotéis e pousadas baratas por um valor mais baixo dividindo. Ou utilizar o Airbnb, a plataforma do momento onde pessoas abre suas casas alugando um quarto ou a casa toda.
Eu gosto dos hostels pelos espaços compartilhados, pelas experiências divididas. Quarto e cozinha em comum e histórias de vida e de viagens. Assim, logo se cria um laço e o passeio ganha um amigo. É uma visão cultural diferente da sua e muitas vezes do local onde vocês turistando.
Felipe – Hostels são ótimas formas de se hospedar. Obviamente muito mais em conta que hotéis, e o legal é que você pode escolher o estilo do hostel de acordo com sua intenção na viagem, pois existem hostels mais tranquilões e uns bem badalados. Existem até algumas listas na internet dos melhores Party Hostels da Europa, dos quais só fiquei hospedado no Flying Pig (Amsterdam). O hostel é bem legal, tem uma atmosfera multicultural e o lounge tem uma decoração bem psicodélica.
No meu primeiro Natal fora do Brasil, quando morava em Dublin (Felipe passou dois anos por lá!), fui para Edimburgo (Escócia) com um amigo e ficamos no Budget Backpackers Hostel. Por sinal indico fortemente esse hostel, lá tem uma cozinha enorme e bem equipada, e fazendo a comida, conhecemos várias pessoas. Haviam muitos intercambistas brasileiros hospedados lá e por estarmos todos passando Natal longe das famílias nos unimos bastante, tocamos e cantamos músicas no lounge, fomos para pubs e fizemos várias coisas juntos. E até hoje mantenho contato com algumas destas pessoas.
Outro hostel onde tive uma experiência muito especial foi o Funk Lounge Hostel, em Zagreb (Croácia). Passei um mês fazendo trabalho voluntário na limpeza e arrumação dos quartos em troca de cama, comida e roupa lavada. Foi uma experiência maravilhosa e indico a todo mundo fazer, descobri sobre o ‘Volunturismo’ durante minha viagens e resolvi ir atrás. Descobri que os dois principais sites são o Workaway e o WorldPackers, fui por esse segundo. E, na verdade, como teria que despender um mês em uma só cidade, minha primeira ideia era Barcelona, porque daí já aproveitaria para aprimorar o espanhol, mas como não obtive resposta em tempo hábil acabei indo na minha segunda opção, a Croácia.
E foi incrível, o povo croata é muito especial, hospitaleiros demais. Acho esse tipo de turismo incrível, pois você pode curtir as cidades por muito mais tempo, podendo se integrar mais à vida local, aprender de forma mais rica a história e a cultura, interagir com muita gente, o trabalho (normalmente) é leve e você poupa com as principais despesas de viagem (acomodação e comida). Entretanto, é preciso ficar atento: o meu hostel oferecia três refeições/dia, mas alguns dão só café da manhã, daí não acho que valha a pena. Nesse meu caso, a experiência foi tão boa que ao me despedir dos meus colegas e ‘chefes’, parecia que eu estava me despedindo da minha família, foi uma conexão bem forte.
De forma geral, quais são suas dicas para ter boas e seguras experiências? Quais sinais podem indicar uma ‘roubada’?
Tuta – Existe um grupo chamado “Mochileiros” no facebook. Ali percebi a popularização e a força do termo “Hostel Party”. Muitas pessoas procuram esses espaços. Mais descontraídos, onde o barulho não incomoda tanto. Costumam oferecer aulas de danças, confraternizações culinárias e atividades físicas. Já fiquei num destes em Montevideo, El Viajero Hostel. Eu gostei, mas sabia da proposta “festa”. Pesquise bem e saiba onde está indo.
Outra questão, se optar pelo preço mais barato, geralmente hostel. E mais, optando pelo hostel mais barato, entenda que a qualidade dos serviços será simples. Isso não quer dizer que tenha que aceitar um quarto imundo, mas apresentará coisas muitas vezes menos luxuosas que o teu dia-a-dia. Saiba se adaptar. E aceite a conviver com pessoas que não tem o mesmo conceito de higiene que o seu, afinal, espaços são compartilhados.
Felipe – Além de preço e localização, que são os quesitos principais na escolha do hostel é importante ler as avaliações dos usuários das plataformas como HostelWorld ou Booking, pois daí já pode se ter uma ideia se o hostel tem áreas comuns aconchegantes, isso facilita bastante a interação entre os hóspedes e eu considero a conexão entre as pessoas um dos principais quesitos em uma viagem.
Sabia?
Existem outras plataformas como ou Couchsurfing. Uma delas é Warm Showers, para troca de hospitalidade para cicloviajantes. Segundo Tuta, ele é bem funcional, pois existem poucos perfis inativos, devido ao foco em um nicho. “Eu, como cicloturista, ainda não utilizei, pretendo futuramente”, prevê.
Tuta conta que também participa de um Couchsurfing de Kombi Homes, através de um grupo de WhatsApp e página de Facebook. Para estes se oferece um banho, água e/ou garagem, principalmente em grandes cidades, onde é complicado para os kombeiros estacionarem com segurança.
Já o Blabla Car é aplicativo voltado para caronas. “Usei no último verão, queria chegar ao Uruguai e busquei carona ali. Ele faz uma ligação de rotas e cruza os veículos. Nesta busca conheci um italiano viajando numa Kombi. Saiu do Brasil onde montou o motorhome. Seu destino: Cartagena na Colômbia. Ficaria meses viajando pela América do Sul. Entrei na carona, amizade surgiu e como convidado acompanhei ele por 10 dias na costa uruguaia. Ao retornar ao Brasil, visualizei o restante de sua aventura pelo Facebook, inspiradora”, diz.
O caminho nos fala. Só é necessário interpretar os sinais. Fique atento, mas acredite na magia do caminho e nas pessoas. Use sua intuição. Nada é casualidade. Tudo tem uma razão de ser. Esteja aberto para se dar conta. Às vezes pedir ajuda é um encontro. O que é mais rico, delicioso, explosivo, enriquecedor que esses encontros? Isso é o que passa quando começamos a pedir ajuda! Que todos se encorajem e boa viagem”, incentiva Tuta.