Desde 2002, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é considerada legalmente o segundo idioma oficial do país. A medida se justifica: segundo censo do IBGE realizado em 2010, 9,7 milhões de pessoas têm deficiência auditiva.
Destas, cerca de um milhão são jovens de até 19 anos. É para falar sobre a importância de aprender Libras – e assim construirmos um mundo mais inclusivo – que esta edição do Na Pilha! foi feita.
Que tal, além do inglês, espanhol, alemão e outros idiomas que você se dedica, também aprender essa outra língua? Vem saber mais!
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No aprendizado de uma língua, a inspiração para uma profissão
Cristiane Ramos Muller, 46 anos, é professora de Libras na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), entre outras instituições. Filha de pai e mãe surdos, desde muito pequena esteve em contato com a Língua de Sinais. Determinada a ir atrás de seus sonhos, Cristiane não mediu esforços e foi em busca de sua realização profissional.
Quando começou a frequentar as aulas de Libras, descobriu que haviam poucos profissionais na área. Foi então que, também inspirada por uma de suas professoras, decidiu ingressar na graduação de Pedagogia. Depois de formada, buscou ampliar ainda mais os seus conhecimentos, fazendo um mestrado na Educação de Surdos, e uma pós-graduação em Educação Bilíngue.
Hoje, além de outras atuações, Cristiane está a frente de um curso para pessoas que se interessam em aprender a língua de sinais. Ela considera importante essa troca.
“Quanto mais pessoas souberem ao menos a linguagem básica de Libras, mais as pessoas que sofrem com o problema de audição poderão se comunicar em sociedade. Muitas pessoas não respeitam os que sofrem com o problema de audição, então é preciso ter um olhar diferente, e tentar incluí-las em convívio comum, procurando sempre manter o respeito e a educação”,enfatiza a professora.
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Relato Pilhado
Por Luana Andrade
Não sei precisar quando começou, mas a vontade de aprender Libras é antiga. A oportunidade de ter o primeiro contato com a língua, no entanto, veio apenas neste ano. Eu tinha uma inquietação bastante grande: por que surdos precisam se adaptar ao Português e nós, ouvintes, não nos adaptamos à Libras?
Para tentar conter essa inquietação, comecei um curso de extensão em Libras na Unisc em junho. Atualmente, estou em um segundo curso, porém em outra instituição. Nestes dois meses de aprendizado, já consigo estabelecer uma comunicação básica, mas ainda tenho bastante dificuldade em formar frases mais complexas.
Já ouviu alguém dizer que, ao aprender Inglês, por exemplo, às vezes falta vocabulário? No aprendizado da Libras é a mesma coisa, porém com sinais. Quando isso acontece, a Libras oferece o recurso de soletrar uma palavra a partir do alfabeto. É muito menos funcional, mas às vezes, na falta de saber o sinal correto, é uma forma de continuar a comunicação.
Nas duas oportunidades de ensino que tive, as aulas foram e estão sendo conduzidas por professoras surdas, fato que tornou a experiência incrivelmente desafiadora, prazerosa e muito humana, pois além de aprender uma nova língua, aprende-se o tempo todo sobre empatia. Libras é apaixonante!