Relato pilhado
Por Ana Flávia
Há algumas semanas, entrei em uma loja do município, acompanhada de minha avó Nelda, de 76 anos. Fui recebida por uma vendedora, e disse a ela que desejava ver um telefone celular. Logo, um diálogo mais ou menos assim se seguiu:
Vendedora: É para você mesma?Eu: Não, é para a minha avó que está aqui comigo.Vendedora: E ela sabe usar esses de passar o dedo?Eu: Sabe sim. Nós queremos ver um smartphone, por favor.A moça nos leva até um balcão:Vendedora: Nós temos estes daqui que são mais simples e baratos.Eu: Hummm… Acho que queremos um modelo com mais recursos.
Viramos as costas, e fomos para um segundo balcão, onde repousavam todos aqueles modelos com ‘I’ e ‘S’ no nome.
Em seguida, eu e minha avó analizamos os recursos, funcionalidades e preços de cada modelo – sem esquecer do mais importante, testar o tamanho da tela e teclado, para conferir se eram grandes o suficiente para ‘vistas’ nem tão jovens assim.
Resumo da história: saímos da loja com um smartphone novinho – dourado, lindão! – para a dona Nelda tirar fotos e conversar bastante com a família e as amigas.
O que a vendedora não sabia, é que desde 2014 minha avó já é frequentadora assídua do WhatsApp. Recebeu um aparelho usado, para ver como seria a adaptação, e rapidinho já estava batendo altos papos. Conversa com as filhas, com as netas, e principalmente, com as amigas.
Sua lista de contatos só cresce, e geralmente tenho a sensação de que a vida social online da minha avó é infinitamente mais movimentada do que a minha.
É claro que as dúvidas surgem: com frequência, sentamos para a vó anotar em um caderninho, passo a passo, como utilizar um novo recurso. Lição anotada, ela senta, óculos no rosto, testa franzida, concentração a mil, para treinar o que foi aprendido. Às vezes, a dúvida chega pelo próprio WhatsApp, e o tutorial segue online.
Enquanto isso, filhas e netas seguem orgulhosas, soltando para estranhos, vez ou outras, frases como ‘vou mandar um whats para a vó’. E quando o olhar de surpresa e alguma pergunta surge, nós respondemos. “Não importa a idade, não é? Basta ter vontade de aprender e acreditar que é capaz.”
Mas não é assim com tudo na vida? Claro que é! Então, que nossos vovôs e vovós digitais continuem a nos inspirar a aprender cada vez mais. E que nas lojas, os vendedores entendam que uma vovozinha de cabelos brancos, também é compradora potencial de um aparelho que antes, só se veria nas mãos de um jovem. Vovó é digital sim!
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Avós x memes: Vó Luiza, a mais famosa do WhatsApp
Você certamente já riu muito com as conversas da ‘vó Luiza’ com o neto Marlon. Vítima do corretor ortográfico, ela protagoniza diálogos engraçadíssimos, que viralizaram após o jovem postar alguns destes nas redes sociais. Vem relembrar:
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Sua vez!
Acha que seria o máximo conversar e enviar fotos para os seus avós por meio de recursos digitais? Então, que tal propor o upgrade para eles?
Com a velocidade em que as pessoas trocam de aparelho celular, certamente você deve ter algum esquecido em uma gaveta, não é?
Dê para eles, e com toda a paciência do mundo, ensine os comandos básicos. Não queira que os vovôs e vovós façam tudo de forma perfeita.
É claro que eles vão trocar letras, apertar em botões errados, esquecer o que você já explicou dez vezes (e que para a sua cabeça digital, parece tão simples). Lembre-se, seus avós provavelmente nasceram em uma época em que não existia nem televisão.
O seu esforço, no entanto, vai valer a pena. Além de ver a felicidade dos seus avós por conseguirem fazer algo moderno, já pensou que aquele pedido por seu bolo favorito vai estar a algumas mensagens de distância? Com certeza, um bom negócio!
