Para psicóloga, relação de ciúme entre irmãos é normal

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Independente da idade, a relação entre irmãos é sempre única, afinal, tratam-se de indivíduos iguais na relação familiar, mas diferentes entre si. E quando surge um irmãozinho, depois de muitos anos sendo um filho único ou o irmão caçula?

Abaixo, confira as dicas da psicóloga Adriana Oswald sobre o assunto:

1. Como um filho, que era único até o início da adolescência, costuma encarar a chegada de um novo irmão?

Os filhos podem reagir de formas diferentes diante da chegada de um irmão. Muitos esperam um irmão a vida toda e desejam muito essa chegada, assim como os pais. A chegada de uma criança na família interfere na organização familiar e cria uma situação nova no ambiente, podendo gerar sentimentos novos e conflitantes de ciúmes, sentimentos de rejeição. A forma como cada adolescente irá lidar com esse momento depende também da forma como adultos conduzem essa chegada e de quais são as necessidades deste adolescente no momento.

A adolescência é um momento de transição importante para a vida adulta, o qual sugere muitas dúvidas, anseios e inseguranças. O fato de perceber que a atenção dos pais, antes totalmente direcionada a ele, passa a ter um novo foco, pode fazer com que alguns conflitos surjam entre pais e filhos. é importante ressaltar que o ciúme é normal. Essas crises podem ser oportunidades de crescimento para pais e filhos, quando podem conversar sobre como se sentem e porque se sentem assim. Em algumas famílias os adolescentes encaram bem essa chegada, e assumem um papel colaborativo importante nos cuidados com a criança.

Foto: Divulgação / Na Pilha!Um caso de irmãos com diferença de idade pode ser visto entre Bruna (21) e Luana Marquezine (14)
Um caso de irmãos com diferença de idade pode ser visto entre Bruna (21) e Luana Marquezine (14)

2. Como costuma se dar o relacionamento entre irmãos muito mais velhos e crianças? Existe uma relação de tutela e responsabilidade do mais velho em relação ao caçula?

Quando ‘dividir’ a atenção dos pais é algo dificil para o irmão mais velho, a relação entre irmãos pode ser competitiva e de muitos conflitos. Ter um irmão é ter alguém igual na organização familiar, mas diferente da gente. Quando lidam bem com essa chegada, alguns cumprem funções importantes na vida do irmão, criam uma parceria de vida, um laço de cumplicidade, de troca e de união. é importante atentar ao fato de que, em algumas famílias, o irmão mais velho acaba exercendo função materna/paterna que não é responsabilidade deste. 3. Como o irmão mais novo costuma ver o mais velho?

Quando uma relação de cumplicidade e companheirismo é criada, o irmão mais novo acaba tendo o irmão mais velho como um guia, como aquele em quem confiar e poder contar, é aquele que orienta, ajuda, mas não impõe a autoridade parental. Quando a relação é atravessada por sentimentos confusos e conflitantes, de dificuldade em estabelecer e esclarecer a importância de cada um na família, o irmão mais novo pode se sentir inseguro, e ver no irmão mais velho alguém com quem não sabe se pode contar.

4. E quando surgem os conflitos? Qual é a dica para os pais?

Compreender os motivos pelos quais os conflitos surgiram é muito importante para esclarecer sentimentos e necessidades individuais. Os filhos, estando ou não em idades semelhantes, têm características e necessidades diferentes, e precisam ser respeitados em suas individualidades. Ter momentos de diálogo em família, de sentar no sofá, sem celulares, televisões e outros meios eletrônicos são uma oportunidade para saber do dia dos filhos, ouvir suas inquietações, saber das suas dificuldades e mediar a relação entre os membros que desta família fazem parte.

Incentivar que os filhos resolvam alguns conflitos entre eles também é importante para que percebam as diferenças entre eles e o quanto respeitar os limites dessa relação é importante para ambos. Sem a interferência dos pais não entra em questão preferências ou privilégios. Porém, quando for necessário uma intervenção, tentar ser o mais neutro e justo possível, se colocando no lugar de cada um, podendo ser esta uma saída amigável e apaziguadora. Por mais que algumas coisas venham com a maturidade, no fundo os conflitos surgem por medo de perder o amor, a atenção, os privilégios e os lugares especiais. Quem dera pudéssemos saber que o amor não se divide, mas sim aumenta!

    

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