“Prevenir é melhor que remediar.” Todo mundo conhece esse ditado, mas pouca gente o coloca em prática. O mais comum é corresponder a outro ditado que diz: “Depois da casa arrombada, é que se coloca a tranca.”
Em todas as áreas da vida, devemos dar muita atenção à prevenção e, quando se trata da nossa saúde, essa atenção e prevenção deve ser redobrada.
O especialista em medicina preventiva e longevidade, Fábio Cardoso, exclerece que as quatro doenças crônicas de maior impacto mundial (doenças do aparelho circulatório, diabetes, câncer e doenças respiratórias crônicas) têm quatro fatores de risco em comum (tabagismo, inatividade física/sedentarismo, alimentação não saudável e consumo nocivo de álcool e outras substâncias). Em termos de mortes atribuíveis, os grandes fatores de risco globalmente conhecidos são: pressão arterial elevada (responsável por 13% das mortes no mundo), tabagismo (9%), altos níveis de glicose sanguínea (6%), inatividade física (6%) e sobrepeso e obesidade (5%). Em comum, todos eles podem ser evitados.
Mas, no modelo atual, optamos por esperar a doença aparecer, para daí, sim, implementar o ‘tratamento’, que raramente é curativo. E o que aconteceu: Brasil é, hoje, o nono maior consumidor de medicamentos do mundo e a previsão é que alcance a sétima posição em quatro anos.
E os dados demonstram a falência do sistema que coloca a doença em primeiro lugar:
50% da mortalidade no Brasil tem causas preveníveis e relacionadas com o estilo de vida. 70% de toda a morbidade (doenças) no Brasil tem causas preveníveis e relacionadas com o estilo de vida.
Ainda segundo Cardoso, a causa mais comum de mortes no Brasil, as doenças cardiovasculares, matam cerca de 820 brasileiros a cada dia no país e são responsáveis por 16,2% dos gastos com saúde pública, o que, em valores, são gastos da ordem de R$ 10,7 milhões por dia, apenas revendo os dados do SUS. Outro fator com grande impacto é o tabagismo. Aproximadamente 18% da população é fumante e este grupo gasta 26% a mais em saúde; quando interna, fica 114% mais tempo internado e faltam 40% mais vezes ao trabalho.
Outro monstro silencioso – o sedentarismo. 60 a 70% dos brasileiros são sedentários. Isto implica em 36% mais despesas com saúde e, quando internados, ficam 54% mais tempo nos hospitais. E isto só irá piorar, pois mais de 60% dos nossos jovens (menores de 18 anos), têm critérios para o sedentarismo.
Em termo de mundo, um estudo divulgado pela British Medical Journal, revista britânica, revelou que 37 milhões de mortes prematuras no mundo inteiro poderiam ser evitadas até 2025, caso a população adotasse um estilo de vida mais saudável, sem cigarros, álcool e com alimentação regulada (sem sal, por exemplo). Esses números demonstram a importância de se começar e evitar a doença,e não somente tratá-la.
Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), vale muito a pena investir em prevenção, não somente pelo bem-estar e vidas salvas, mas pela economia às sociedades. Existe uma economia de quatro dólares na prestação de serviços de saúde (tratar doenças) para cada dólar investido na prevenção (dados coletados pela OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).