Era em torno de 15h, desta quinta-feira à tarde, em uma das ruas do centro da cidade. Atravesso a rua e de longe, vejo um homem deitado no meio da calçada, a alguns metros da Secretaria Municipal de Saúde e em frente ao atual prédio alugado para Secretaria Municipal de Habitação. Observo pessoas passando na calçada como se nada ali estivesse estirado no chão. Algumas, inclusive, pulando por cima das pernas do rapaz. Indiferentes, muitos por ali passaram. Alguns meio curiosos, com olhares assutados, mas só.

Não me contive. Entrei na Secretaria Municipal de Saúde, comuniquei minha inquietação em ver aquela pessoa ali e solicitei informações do que eu deveria fazer, a quem deveria chamar e buscar o apoio para que aquela situação se resolvesse. Quem me atendeu, prontamente ligou para a Secretaria de Habitação, que informou que já tinha ido ao local, verificar a situação, porém o rapaz não queria sair dali e pela força não poderia obrigar ele a sair dali. Para onde iria? Desde quando bêbado tem condições ou consciência para saber querer? O cara nem sabia onde estava.

“Tá e aí o que tu tem a ver com isso?” “Então, tu quer que o poder público saia por aí recolhendo os bêbados da rua?” Sim! Eu quero isso e quero muito mais. Quero comprometimento, quero que esta indiferença entre as pessoas acabe. Afinal, o discurso de que bebida é doença fica só no papo.

Quero que cada um faça o que lhe compete e não jogue pingpong com os problemas sem uma solução. Quero sim não ver mais as pessoas sendo maltratadas, seja aqui ou em qualquer outro lugar do mundo, do jeito que for. Entendo perfeitamente que não se pode mudar o mundo, mas podemos mudar o que é do nosso alcance e intervir pelas pessoas. Isto também é ser humano.