>> Aos Vinte
Gritos, pulos, choro, sono. Encarar a maratona da monografia é mesmo, desgastante, às vezes, aterrorizante. Têm dias que me pego empolgada, outros em desespero, como se eu não pudesse ver o mundo lá fora enquanto não acabar.
Semana passada, após um fim de semana inteiro na frente do computador, encerrei meu domingo com a sensação de que não havia rendido. Me deu uma crise de deprê. Chorei e chorei. Na verdade eu tinha vontade de jogar aquele arquivo pela janela. Ou será que a raiva era de mim mesma? Me senti incompetente.
Só quem está passando e já passou por essa experiência, sabe o quanto é dolorosa essa dedicação, que afeta o trabalho, o namoro, a relação com os amigos e, principalmente, com a família. Meus pais, por exemplo, que não passaram por uma universidade, não fazem ideia de como é esse bicho de infinitas referências.
Parece que nunca vai acabar. Mesmo que cada página pronta seja uma vitória, a chata aqui sempre volta ao texto e fica olhando, e mexendo, e olhando. Quando não rende, simplesmente me sinto como se eu, acadêmica de Jornalismo, não soubesse mais escrever. No começo tudo foi ótimo, pensei nos detalhes, mas agora, a cada vez que sento no computador ou abro um dos 20 livros empilhados ao lado e só consigo olhar para o calendário. O tempo que antes parecia enorme, agora começa a apertar. Não parece ser suficiente. Junho está chegando.
Mas o que fazer quando você senta, e precisa fazer uma revisão do que os outros já escreveram e ainda tem que tomar cuidado para não plagiar (óbvio), sendo que o que você acabou de ler está tão bonitinho e você não sabe escrever com outras palavras pois a citação está perfeita? Se não bastasse, você tem ainda o compromisso de fazer um trabalho que não passe apenas com a nota média, afinal, o seu tema é importante e você pode servir de referência para um próximo trabalho acadêmico. Então você se puxa e numa manhã inesperada, você escreve, escreve, escreve, escreve…
O medo de perder o trabalho de dias e horas é visível nas várias cópias de segurança. Está sempre tudo salvo no computador, no pendrive e ainda uma cópia atualizada enviada para o e-mail. Não podem haver falhas.
E se não basta, você ainda tem provas para estudar, seminários para apresentar, afinal, a vida acadêmica ainda contempla outras quatro disciplinas. E como aguentar tudo isso?
Quantas vezes você dormiu em frente ao computador ou abraçada em um livro? E quem disse que café, cápsula de guaraná, coca-cola, é só caminhoneiro que toma? Eles e um bom chimarrão (que é estimulante) vêm sendo meus grandes companheiros desde o início do ano. Café antes nem entrava na minha lista de supermercado, agora, é item de primeira fila.
Já que ficar atenta é questão de ordem, tratei de comprar blocos de post-it das cores mais berrantes que encontrei: rosa pink e verde-limão, que é para me deixar recados bem chamativos do que não posso deixar de fazer hoje. Celular nestas horas não funciona. Você pega ele, dai já conecta internet, já acessa o whatsapp, daí já viu né!?
E os chocolates? Escrever a monografia me deixa gulosa. Na verdade é uma válvula de escape. Um motivo para levantar da cadeira e buscar algo no armário. São eles que me adoçam nos momentos de pânico com a amiga ABNT.
Mas se a monografia te afasta dos amigos e da família, o orientador passa a ser visita semanal. È ele quem precisa ouvir, em todo esse tempo, os não consigo, os não vai dar certo, eu não vou aprontar. Psicólogo, às vezes, meu psiquiatra.
Uma coisa é certa: tem data de entrega. E não é possível ficar adiando processos. Precisamos cumprir etapas para que o trabalho ganhe ritmo. Não faça como eu, que em um dos momentos de desespero me coloquei a procurar uma mensagem, fazer os agradecimentos e a folha de rosto do trabalho.
é uma cobrança que tem um peso: você não termina, mas também não se forma. Toda essa angústia e preocupações se somam a outro sentimento neste período: a ansiedade. Você sabe que logo ali tem formatura. E por falar nela, a partir de hoje eu tenho mais uma data para agendar (e me preocupar): da espera colação de grau. Que venha, março de 2015 e que demore para chegar junho de 2014.
E você? Está passando por isso, já passou? Compartilhe esse momento conosco. Comente. Vamos fazer terapia coletiva. (risos)