Meu filho faz parte dos aproximadamente 20 milhões de brasileiros com asma. A doença deveria se chamar a doença da falta, pois para os asmáticos e quem convive com as crises, sabe que falta o ar, falta disposição, falta força, falta ânimo, falta… bem falta, muitas, vezes, a coragem das mães verem seus filhos usando aquela ‘bombinha’ e, de todos os dias, repetir remédios e remédios. Mas é assim. São contínuos. é difícil, mas necessário.
Depois que descobri que o meu filho, então bebezinho, com oito meses de idade, tinha asma, tive que mudar muitos hábitos. Não foi fácil. As mudanças foram acontecendo gradativamente, do tipo: sem cortinas, sem tapetes, sem cobertores comuns, sem almofadas, sem perfumes, sem incensos, enfim.
Dos dez anos do Guilherme, a cada mudança de temperatura mais intensa ou mudança de estação, estávamos nós, durante cinco, sete dias, internados no hospital, e assim foram cinco anos seguidos de minha vida e do Gui. Bronquite, pneumonia, asma! Troca de remédios, tenta este, troca de médico… até que um deles constatou e me disse que era asma.
Quando o Gui tinha seus cinco anos (última internação graças a Deus) ficou com oxigênio direto. Confesso que muitas noites, naquela sala branca e na penumbra, eu chorei em silêncio. Sentia-me culpada por não ter sido capaz e de precisar sempre, diariamente, repetir as doses de medicação, e do Gui estar sempre com a ‘mesma coisa’, a tal da asma.
– Mas tu não cuida direito deste guri?
– Que mãe relapsa?
– Será que não cuidei?
Parece que a culpa não deixa a gente em paz. E, este sentimento de culpa e de pena, nos faz pensar que a medicação é necessária apenas nas horas de crise, e não é. Confesso! Muitas vezes meu filho estava respirando legal e deixava de usar a ‘lista’. Então, as crises de uma hora pra outra voltavam e recomeçava a via sacra de medicação. Mais consciente, hoje é remedinho e bombinha todos os dias e, mesmo assim, as crises com este tempo seco se tornam inevitáveis.
Por se tratar de uma doença crônica, a asma exige monitoramento médico e medicação constante para controlar seus sintomas.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), existem hoje aproximadamente 20 milhões de asmáticos em todo o Brasil, entre crianças e adultos. De acordo com o Ministério da Saúde, a doença responde por 350 mil internações anuais no país, e é também a terceira e quarta causa de hospitalizações pelo Sistema único de Saúde (SUS), conforme o grupo etário considerado. De janeiro a novembro, de 2014, foram registrados no SUS 105,5 mil internações pela doença, o que resultou em um custo de R$ 57,2 milhões para a rede pública de saúde, conforme dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH).
Nesse contexto, a adesão ao tratamento é uma das chaves para reduzir as internações e garantir uma qualidade de vida melhor para o paciente. O tema inspirou a médica paulista Regina Diniz e a economista da saúde Luiza Granado a lançarem, este ano, o aplicativo Dr. Recomenda, para engajar o paciente de doenças crônicas como asma, diabetes e hipertensão a aderir ao uso de medicação contínua.
Grande parte dos pacientes asmáticos só se preocupa de fato com a doença após o agravamento dos sintomas. Porém, a crise acontece apenas no auge do problema. O paciente continua doente o tempo todo, o que torna o tratamento continuado de extrema importância para o controle das crises.

O tema da adesão ao tratamento é considerado um dos grandes desafios do século XXI pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo estudos, a baixa adesão aos tratamentos que incluem prescrição de medicamentos de uso contínuo gera custos alarmantes e crescentes, que representam 75% dos gastos evitáveis com saúde no mundo, estimados em US$ 47 trilhões até 2030.
Segundo Luiza Granado, Diretora de Negócios do Dr. Recomenda, a falta de informação por parte dos pacientes asmáticos prejudica o engajamento no tratamento contínuo da doença. “A baixa adesão à medicação continuada tem um grande impacto socioeconômico, em virtude dos custos diretos com tratamento ambulatorial e internações, e custos indiretos, decorrentes dos níveis elevados de abstenção nas escolas e nas empresas”, afirma.
O Dr. Recomenda aposta na educação personalizada em saúde como estratégia para engajar o paciente. A ferramenta prioriza o acesso à informação, por meio do contato estabelecido entre o médico e o paciente. “é fundamental educar o asmático para que ele possa se envolver no próprio tratamento, otimizando os resultados das medidas de combate à doença e melhorando sua qualidade de vida”, diz.
Regina explica que, por ser uma doença que não se manifesta com constância, o tratamento da asma costuma ser interrompido pelo paciente, criando mais dificuldades para a adesão medicamentosa.
O aplicativo do Dr. Recomenda pode ser baixado gratuitamente nas lojas virtuais da Google Play e Apple Store. (Fonte: www.sevenpr.com.br)