Depois que muitas mulheres vestiram-se de preto para unir forças contra o assédio sexual nos Estados Unidos e do movimento que gerou a manifestação da indústria de entretenimento contra o crime ~ fato ocorrido durante o Globo de Ouro 2018 ~ , outras pessoas demonstraram opiniões divergentes em relação ao caso. Assim que as artistas da indústria cinematográfica tomaram a frente ao apoiar a causa contra o assédio sexual, no tradicional evento em Los Angeles, francesas signatárias se posicionaram contra a manifestação que ganhou visibilidade na mídia. No Brasil, este assunto também gerou polêmica na web, assim que a colunista de ‘O Globo’, Maruza Leão, defendeu os homens ao salientar que ‘as mulheres deveriam ser flertadas pelo menos três vezes na vida ‘.
>> Relembre o que ocorreu no Globo de Ouro
Diversas atrizes usaram vestidos pretos em protesto aos casos de assédio sexual. Na ocasião, a apresentadora Oprah Winfrey, uma das homenageadas da noite, fez um discurso contra o machismo e foi aplaudida de pé.
>> Manifestação contrária
A carta publicada pela atriz francesa Catherine Deneuve, de 74 anos, vai de encontro ao tema ao criticar que as mulheres devem ser flertadas pelos homens e que esta é uma atitude normal e aceitável. A atriz não esteve sozinha frente a esta decisão, já que, 99 mulheres francesas também concordaram com o seu posicionamento e assinaram ‘embaixo’ assim que Catherine tornou pública esta opinião.
As mulheres defenderam a atriz ao acreditar que os homens devem ser livres para flertar com as mulheres e que, as recentes denúncias de assédio sexual na indústria do entretenimento são consideradas como novo ‘puritanismo’ ~ publicação em carta aberta publicada no jornal Le Monde ~.
>> Polêmica no Brasil
O tema ganhou repercussão no Brasil assim que Danuza Leão, colunista do jornal O Globo, afirmou na publicação que a cerimônia parecia mais um funeral e decretou que toda mulher deveria ser assediada, no mínimo, três vezes na vida. Veja o trecho abaixo:

Não acho que as denúncias de assédio possam gerar uma ‘caça às bruxas’ porque são uma coisa ridícula, para começo de história. É doloroso saber que uma mulher pode fazer uma acusação e tirar o emprego de um homem. É algo pecaminoso. Mas isso é coisa de americano. Lá eles não têm noção de sexo. É ótimo passar em frente a uma obra e receber um elogio. Sou desse tempo. Acho que toda mulher deveria ser assediada pelo menos três vezes por semana para ser feliz. Viva os homens”.
A publicação na defesa pelo comportamento machista e dominador dos homens, gerou críticas e repercussão nas redes sociais.
vendo esse texto imbecil da danuza leão e zero surpresa ao ver a quantidade de homens aplaudindo e dizendo que “as feministas não sabem diferenciar paquera de assédio”.meus queridos, quem não sabe diferenciar são vocês, que insistem em ser babacas mesmo com reclamações. eh isto
— alyssinha (@__alyy) 10 de janeiro de 2018
Poucas coisas são mais tristes do que a Danuza Leão defendendo os homens das denúncias de assédio e abuso que se acumulam nos EUA (e com menos força, no Brasil). pic.twitter.com/mBzxuu0rgW
— William De Lucca ☭ (@delucca) 10 de janeiro de 2018
Eu chegando no Twitter pro enterro da carreira de Danuza Leão pic.twitter.com/0S5ybW9OBG
— Carminha Sincera 🆗 (@RainhaCarminha) 10 de janeiro de 2018
“Danuza Leão deu sua opinião sobre…” pic.twitter.com/up0svjSYeY
— Clara Madrigano (@claramadrigano) 10 de janeiro de 2018
>> Há muita diferença entre assédio sexual e flerte
Os homens podem ser livres para abordar e flertar mulheres quando acharem conveniente e oportuno, porém, não devem exceder o limite quando não são correspondidos no ‘flerte’. Flertar é natural, ainda mais quando as duas pessoas insinuam interesse e correspondem à atitude, ao apresentar reciprocidade diante da circunstância. Este comportamento não tem nenhuma semelhança com casos de assédio sexual. A situação é completamente diferente, já que, os homens utilizam da força, poder e empoderamento masculino para ameaçar uma mulher, a conduzí-la a fazer a sua vontade ~ ao se tornarem submissas, sem poder de reação ~.
As mulheres também têm o direito de reagir quando são coibidas pelos homens. Os tempos mudaram e elas também têm o poder de decisão ao manifestarem a sua vontade diante de uma situação inaceitável por parte da vítima. A classe feminina deve ser respeitada pois não há diferenças entre ambos os sexos. Ninguém é obrigado a fazer o que não tem vontade e o poder masculino não pode prevalecer, principalmente em casos de vulnerabilidade e fragilidade em decorrência do sexo feminino.