Dias atrás recebi no celular imagens de uma campanha da Associação de Amigos do Hospital de Clínicas. A campanha, que compartilho aqui com vocês, basicamente mostra uma série de imagens e cenas do cotidiano familiar. Mães e filhos nos seus celulares; crianças precoces em seus tablets; pais em frente à televisão. O desenho da realidade, afinal, a tecnologia está cada vem mais presente entre nós e nossos pequenos, né?
Mas o que realmente me incomodou e quero debater aqui com vocês foram as frases associadas a cada imagem… Elas diziam mais ou menos assim: “Curta a vida da sua filha como você curte a dos outros”. “Tem gente solicitando sua amizade dentro de casa”. “83% das crianças se sentem trocadas por um celular. E você preocupada com o tempo que passa fora de casa.” E outras tantas mais…
E sabe por quê isso me chocou? Soou como um soco no estômago? Por que é um reflexo muito real do nosso dia-a-dia. O celular sempre na mão. Descansar rolando o dedo pelas redes sociais. E se os filhos imitam as atitudes dos pais… eles também já estão se excedendo? Tão cedo? Joguinhos, Youtube, séries. Não, isso não é evolução!
Minhas memórias mais importantes são dos momentos de convivência em família. Na mesa com os meus pais aprendi o mais básico sobre respeito, solidariedade e amor. Mas aos nossos filhos oferecemos um tablet carregado antes de chegar ao restaurante para garantir “silêncio” e “paz”. Hein?
Lutei contra dar um videogame ao meu filho de 6 anos porque não achava saudável essa paralisia em frente à televisão. Fui vencida. O celular é sempre objeto de disputa entre nós dois. Ou seja, está sempre na mão de alguém. Que horror, né?
Essa campanha já é vencedora. Desde que recebi ela no meu celular (rsss) ampliei o tempo de leitura, o velho jogo de cartas e as conversas sobre o dia com o meu filho. Minha proposta é que vocês também pensem nisso e se policiem em casa.
Não prego aqui televisões desligadas na sala ou a proibição dos eletrônicos. Estou falando de controle. Não o controle de delimitar horários ao seu filho ou arrancar o celular da mão do pequeno que já nem escuta o que acontece a sua volta. Controle você! Comece por você! Deixe o seu celular na bolsa até olhar para todos, dar um abraço e se informar sobre suas histórias reais. Nada de celular no trânsito na frente do seu filho. Nada de celular enquanto está entre amigos. E jamais no meio de uma refeição, por favor. Sim, é difícil. Mas é uma campanha por mais conversa, por mais compreensão, por vidas reais. E isso pode ser transformador.