Crianças bilíngues: a nossa experiência na Inglaterra

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Já tem mais de um ano e meio que mudamos para a Inglaterra e um assunto que me acompanha desde a fase pré-mudança é crianças bilíngues. Isso porque, como mãe, é inevitável não se preocupar com a adaptação dos filhos em um novo país, especialmente quando o idioma é diferente. 

Foto: Divulgação / Tudo & TodasVitor desenvolveu a alfabetização  e Clara
A dificuldade no aprendizado aconteceu nos três primeiros meses de adaptação na escola

   

O Vítor e a Clara tinham 5 e 3 anos quando chegamos no Reino Unido. Eles sabiam menos de 10 palavras em inglês, só algumas coisas que tínhamos ensinado em casa em brincadeiras, como “hello” e “my name is…”. 

Logo começaram na escola, o Vítor no Year 1, que já envolve a alfabetização, e a Clara na nursery, que é o equivalente a uma creche no Brasil, com viés lúdico e de socialização.

Devo dizer que as instituições de ensino inglesas são extremamente acostumadas a receberem alunos que não possuem o inglês como primeira língua, principalmente em Londres, primeira cidade que moramos na Inglaterra. A diversidade é muito grande e isso reflete na escola. Para ter uma ideia, na turma do Vítor eram cerca de 25 crianças e que falavam mais de 15 idiomas diferentes além do inglês.

   

Foto: Divulgação / Tudo & TodasEm pouco tempo, Clara sentiu mais segurança e domínio com a língua
Em pouco tempo, Clara sentiu mais segurança e domínio com a língua

Então, todo o cenário de mistura cultural favorece a aprendizagem do inglês e a adaptação das crianças. Mesmo assim, confesso que os 3 primeiros meses foram difíceis, ainda mais para o Vítor que já estava em fase de alfabetização.

 

Imagina você entrar em um ambiente e ficar 6 horas do seu dia sem nenhum amigo ou familiar por perto com pessoas que não entendem uma palavra do que você diz? Foi isso que o Vítor e a Clara enfrentaram no início das suas experiências como crianças bilíngues.

Teve choro e resistência. Teve uma mãe despedaçada por se sentir impotente, sem ter como ajudar. No entanto, seguia acreditando no que outras famílias com mais experiência no assunto me diziam: “as crianças se adaptam e aprendem muito rápido”.

 

E foi rápido mesmo! Em aproximadamente 3 meses comecei a perceber que o Vítor já entendia boa parte do que falavam em inglês ao seu redor. Ele passava os recados da escola com precisão e começou a deslanchar nas lições de casa.

Falar foi um processo mais longo. As primeiras frases completas surgiram com 6 meses na escola em Londres. Mesmo assim, é incrível pensar que a evolução partiu de uma escala 0, sem nenhuma base de gramática ou vocabulário.

Tomo muito o Vítor como exemplo porque a Clara, por ser mais nova, começou indo menos horas por semana para escola e sem foco em alfabetização pelo cronograma de educação inglês. Só agora que ela está na Reception, que marca o início da educação obrigatória no Reino Unido, então seu ritmo foi um pouco diferente.

Atualmente, o Vítor e a Clara, com 6 e 5 anos, falam com muita mais segurança, inclusive me corrigindo na pronúncia de algumas palavras! O Vítor já lê e escreve em inglês e a Clara se aventura na aprendizagem dos fonemas.

Foto: Divulgação / Tudo & Todasas instituições de ensino inglesas são extremamente acostumadas a receberem alunos que não possuem o inglês como primeira língua
as instituições de ensino inglesas são extremamente acostumadas a receberem alunos que não possuem o inglês como primeira língua

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Em casa nós só falamos português, desde sempre. É nossa língua nativa e queremos que as crianças mantenham o idioma, apesar de saber que com o tempo o inglês vai predominar na vida delas. Além disso, acredito na língua como um laço de identidade e uma forma das crianças carregarem o Brasil na sua bagagem cultural. Então, continuaremos insistindo, mesmo quando o sotaque ficar um pouco estranho ou os idiomas se misturarem. Faz parte da experiência das crianças bilíngues. 

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