Uma visita ao irmão, em Florianópolis, foi o ponto inicial para o produtor executivo de eventos, Emerson Tuta Santos, realizar um percurso de cicloturismo entre os trechos ‘Laguna – Camboriú’, no litoral catarinense. No mês de abril, ele aproveitou a baixa temporada na região, para desbravar belas paisagens, e conhecer praias que ainda não havia visitado.
Ao todo, foram 620 quilômetros pedalados e 30 quilômetros de trilhas, feitos na ‘companhia’ da bicicleta de cicloturismo Girardengo, dos anos 1980, com quadro italiano e montada na Argentina. “Uma raridade que garimpei com um colecionador”, conta.
Para a viagem, Emerson se preparou durante dois meses, especialmente em relação ao treinos físicos, e também o roteiro das cidades nas quais pretendia ficar por mais tempo. “Aproveitei bons dias de praia. Busquei os pontos turísticos de cada local. A bicicleta torna o deslocamento rápido nas praias, ela dá a possibilidade de parar mais facilmente, visualizando alguns cantos e miradores nas cidades e estradas”, destaca.
Com preferência para reservas naturais, trilhas e morros, o cicloturista encontrou pelo caminho algumas trilhas exigentes, como o Morro da Coroa (Lagoinha do Leste/Florianópolis), o Morro do Macaco (Bombinhas), trilhas da Praia do Rosa (Garopaba) e Guarda do Embaú (Palhoça). Neste último, encontrou o Vale da Utopia, onde ficou acampado por uma noite, isolado entre o mar e a montanha verde, e sem a interferência das luzes da cidade. “Que paz esse lugar. Silêncio e sons da natureza. A lua, mesmo crescente, iluminava os declives do morro, dando para caminhar tranquilamente sem luz elétrica”.
As hospedagens no percurso, inclusive, foram sempre alternativas. Além de campings, Emerson fez contatos por meio do ‘couchsurfing’ (‘surfando no sofá’, em tradução livre, e que configura-se em um site de hospedagem amiga) e grupos no Facebook. “Encontrei alguns pelo caminhos. É legal culturalmente”, define. Também, escolheu acampar em locais que, segundo ele, eram aparentemente seguros, como junto aos barcos na colônia de pescadores da Bahía dos Golfinhos, em Governador Celso Ramos.
Como dica de viagem, o jovem deixa o recado: “Nem sempre viajar está ligado a um grande planejamento, ou altos custos. Não existe melhor destino, não existe melhor hotel, não existe melhor comida, nem orçamento ideal. O melhor que existe é aquilo que cabe no seu bolso, aquilo que satisfaz a sua fome e que te abriga na hora de dormir”.
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DICAS by EMERSON TUTA SANTOS:
> Mais uma vez optei por mochilão, uma viagem caracterizada por baixo custo. Nem sempre os serviços são os melhores, quase sempre vale o menor preço e seguir adiante mais dias. Ficar em hostels e campings dá contato com pessoas, um dos motivos os espaços são compartilhados. Outro é muito frequentado por jovens e mochileiros. Sempre barateia a viagem ficar neles.
> Nem sempre viajar está ligado há um grande planejamento, ou altos custos. Não existe melhor destino, não existe melhor hotel, não existe melhor comida, nem orçamento ideal. O melhor que existe é aquilo que cabe no seu bolso, aquilo que satisfaz a sua fome e que te abriga na hora de dormir.
> Façam viagens, não importa pra onde, porque o mundo está inteirinho coberto de paisagens deslumbrantes. Inclusive tem coisas no jardim da sua cidade que você nem conhece.
> Sendo uma área bem povoada não exigiu muito planejamento para prática do cicloturismo. Tem cidades bem próximas. Usei o Google Maps no smartphone. É possível fazer o download de uma área no mapa, ficando disponível a navegação off-line, usando assim como um GPS.
> Para este roteiro, o desafio foram as subidas. O litoral catarinense é coberto de morros. Difícil você não encontrar um morro antes do acesso de cada praia.
> Fiz um preparo físico médio, faltou melhor condicionamento para as subidas. Com a própria viagem este se completou. Mas o desgaste é grande. As principais serras foram em Paula Lopes (pela estrada secundária), antes da praia da Gamboa. E também o trecho de Governador Celso Ramos, onde cada praia é dividia por grandes morros, foram cerca de sete num trecho de 40km.
> Se seguir pela BR 101 é mais plano, mas perde as melhores paisagens. A BR é muito barulhenta, mas as condições estão boas, o acostamento é largo e com bom asfalto. Tranquilo para pedalar. Alguns trechos não tem como evitar a BR. Em um deles, antes de Palhoça, conhecido como Morro dos Cavalos, não tem acostamento. São 6km bem tensos. Muitas pessoas já haviam me alertado e me fizeram temer este trecho. Andei dentro da canaleta que escorre a água do asfalto, dava mais segurança. Os caminhões passam muito perto nesses 6km, ao menos a subida faz com que eles andem em velocidade reduzida.
> O meu coração está transbordando gratidão nesse momento, por cada caminho que eu escolhi ao longo da estrada, por cada pessoa que me fez parar e me recebeu nessa jornada.