
Basta poucos minutos para se encantar com o trabalho que Mariana Faria Corrêa desenvolve com o auxílio da criatividade familiar. Bióloga formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), começou a trabalhar na área logo após a graduação. Casou-se com um colega de faculdade e cursou um mestrado. Tudo seguia nesse ritmo, até que sua primogênita, Maira, nasceu. E como tantas outras mulheres, Mariana começou a sentir vontade de fazer algo mais, que lhe desse mais tempo com a pequena.
“Demorou um pouco para eu decidir, pois era concursada na época, mas quando a Maira tinha uns 4 anos, deixei o emprego e fui trabalhar exclusivamente na minha empresa de consultoria ambiental, a Simbiota, em sociedade com o meu marido”, lembra.
A vinda do segundo filho, João Gabriel, fez com que Mariana se envolvesse ainda mais com a maternidade. Como sempre trabalhou com crianças em oficinas de arte e educação ambiental, foi focando nisso como forma de, alternativamente, fazer algo de que gostasse muito.
Esse ambiente familiar de estímulo à criatividade logo trouxe frutos. A filha Maira, aos 7 anos, teve a ideia de criar a Manduá, uma lojinha virtual na qual pudesse comercializar bandanas e outros artigos estampados com suas ilustrações. O objetivo? Levantar recursos para uma viagem a Paris, sonho que foi realizado em junho deste ano.


Após apoiar a filha e desenvolver o canal de venda da Manduá, Mariana empreendeu também com a iniciativa árvore Querida, uma loja virtual que disponibiliza mudas de árvore e produtos relacionados ao meio ambiente. Através do site é possível adquirir mudas de 17 espécies nativas do Brasil. As plantas são entregues na casa do cliente, acompanhadas de cartão, tag de madeira e um folder com instruções de plantio e informações sobre a espécie.
Com essas duas empresas tenho liberdade de criar e inventar o que eu quiser.
E foi dentro desse contexto que Mariana viu a oportunidade de lançar seu primeiro livro, A Menina e o Tubarão. A bióloga conta que, embora escreva ‘desde sempre’, ainda não tinha tido coragem para publicar suas obras. Foi a partir da experiência da Manduá e da árvore Querida, que passou a entender que é possível tirar os sonhos da gaveta, desde que se queira. Atualmente, mais dois livros estão em andamento, os quais devem ser publicados até o fim do ano.

é nesse ambiente empreendedor que os filhos de Mariana, Maira e João Gabriel, têm crescido e tido a oportunidade de desenvolver suas potencialidades. Especialmente a primogênita consegue viver integralmente esse universo empreendedor impulsionado pela mãe. A bióloga, claro, derrete-se pelas crianças:
A Maira é muito criativa, muito talentosa em diversos sentidos, e minha inspiração, com toda certeza. A participação dela é através da ideias e dos desenhos. Hoje, o João Gabriel, que está com cinco, também já participa com desenhos.
Mariana diz que a família preza por conversar sobre as ideias das crianças. Muitas vezes, elas não são possíveis de serem realizadas de imediato, mas os pequenos gostam de fazer parte do processo e ficam orgulhosos quando Mariana mostra o que foi feito a partir do trabalho em conjunto.

Temos uma linha bem legal que se chama ‘Pequenos Ilustradores’, para valorizar a imaginação das crianças. Então, assim como a Maira e o João podem enviar desenhos e transformar em produtos, outras crianças também podem. Mostrar às crianças que elas podem fazer algo legal e que sua arte será valorizada. Eles se sentem realmente orgulhosos, e ver esse sentimento de confiança e orgulho numa criança é muito legal.
Como empreendedora, Mariana destaca que há muitos desafios para serem enfrentados. Ela lembra que a área de vendas é distante da sua formação acadêmica, mas que, felizmente, pode contar com o apoio de iniciativas como o Programa Agentes Locais de Inovação, do Sebrae.
Há um grande número de mulheres e, especialmente mães empreendedoras que, justamente, tomam essa decisão de largar empregos e construir algo diferente para poder ter maior qualidade de vida ao lado dos seus filhos. Tenho muitas amigas batalhando e superando dificuldades e, mesmo com todo o desafio que empreender apresenta, criando projetos lindos e valorosos, se aproximando da comunidade e criando alternativas às velhas formas de consumir ou de fazer negócio.