Olá, pessoal!

Estou muito feliz de fazer parte do T & T. Assim como dito na apresentação que as gurias fizeram sobre mim (que não viu ainda pode vê-la aqui), acredito neste espaço como um porta voz das minhas lutas e um espaço aberto de reflexão e diálogo. 

Estando no meio artistico, uma de minhas inquietações é perceber que a falta de uma remuneração digna ainda é uma realidade na vida de todo artista. Uma excessão são aqueles que estão no meio televisivo, onde os padrões de beleza eurocêntricos dominaram a grande parte dos elencos e que em último lugar se preza a competência artística.

Fazer arte é ainda resistência. Muitas vezes temos que tirar do próprio bolso para bancarmos um espetáculo, uma mostra, um festival. Ainda assim continuamos.

Acredito na arte como ferramenta de transformação social para além de entretenimento.

O investimento em cultura no Brasil é muito pouco. Em 2014 o investimento de verbas federais em cultura somou apenas 0,14% do PIB. Sabemos bem que o resto do investimento não foi nem para educação nem para saúde, mas sim para obras ainda não concluídas para a Copa e negociação de dívidas.

Ou seja, a política nacional interfere sim na dignidade do fazer artístico aqui no nosso país, bem como, nós como artistas, poderíamos ter muito mais contribuição na dignidade do país caso tivéssemos investimento nos nossos projetos.

Este ano, o Edital de Arte Negra do Funarte foi suspendido por falta de verbas. Eu estou dentro de dois projetos que concorrem a este edital.

O que significa que não só eu e o meu grupo, mas muitos outros projetos de arte negra não poderão contar com esse financiamento neste ano e não sabemos quando poderemos contar.

Foto: Divulgação / Tudo & Todas A cultura é muito importante e, aqui no nosso país, ser artista é uma resistência política
A cultura é muito importante e, aqui no nosso país, ser artista é uma resistência política

Por isso não podemos nos iludir com o charme da profissão nos meios televisivos que escolhem apenas pessoas belas (no padrão eurocêntrico) e deixam muitos outros profissionais competentes de fora. Ainda assim, luto e acredito na valorização dos profissionais da arte que fazem cada vez mais seu trabalho por amor, apesar da falta de investimento.

QUEBRAR TABUS

Em 2013, logo no meu primeiro ano no curso de teatro fui convidada para fazer uma performance com o Falos & Stercus, grupo reconhecido de Porto Alegre. A performance se chamava Ilha dos Amores e foi feita durante o Porto Alegre em Cena ( Festival internacional de teatro que acontece em PoA). Durante a performance, que aconteceu no Arroio Dilúvio no meio da Avenida Ipiranga, todos os atores e atrizes ficavam nus. Falávamos sobre o caos, a beleza e o amor.

Foto: Divulgação / Tudo & TodasD
A apresentação teve repercussão internacional e me trouxe grande visibilidade dentro da classe artística, mas também surgiram alguns comentários moralistas e bem machistas que tirei de letra durante a apresentação mesmo!

A ARTE NA MINHA VIDA. EU NO MUNDO DA ARTE.

Como esta é mnha primeira postagem aqui no T & T, vou aproveitar para contar um pouquinho do meu ‘eu não arte’.

A arte entrou na minha vida há muito tempo. Desde criança fui incentivada pela minha família a cantar, dançar e atuar. Dancei por alguns anos, fiz aula de dança clássica com os melhores professores de Caxias do Sul. Tanto na música como na dança e também no teatro, o meu primeiro palco foi a igreja e os fieis, meu público. Isso me trouxe uma grande experiência em estar em frente a uma grande plateia. 

O teatro profissional veio mais tarde quando tomei coragem de transformar a arte a minha primeira opção de curso e de sustento. Hoje tudo que faço remuneradamente está diretamente ligado ao teatro.

Antes do Teatro? Bem, comecei cursando Pedagogia na UFRGS em 2011. Apesar de ainda estar inserida na educação e ter um imenso interesse pela área, pois faço licenciatura e realmente amo estar em sala de aula ensinando teatro, eu sentia que a pedagogia não me preenchia totalmente.

Sempre estive ligada a arte. Na pedagogia os campos de saberes são muito amplos e eu não conseguia me dedicar apenas para um viés artístico dentro da educação. Também sentia falta de estar no palco produzindo, ensaiando, mexendo o corpo. Escolhi trocar de curso em 2013 e estou cada vez mais feliz com minha decisão. Posso estar em sala de aula e posso estar atuando e, dentro da atuação, explorando a música e a dança.