Eu já abri a mala e coloquei sobre a cama. Assim como uma página em branco onde preciso completar com as palavras. Desde que me inscrevi para o intercâmbio acadêmico oferecido pela Universidade do Vale do Taquari (Univates), de Lajeado, na qual me candidatei para o Instituto Politécnico de Leiria onde irei cursar ‘Comunicação e Media’, ouvi muitas pessoas me questionarem: ‘mas tu vai aguentar seis meses longe de casa, Ana?’.
É engraçado, mas esse questionamento vem, às vezes, de pessoas que nem me conhecem direito e, olha, algumas vezes (pouquíssimas) parei para pensar na pergunta e o quanto essa decisão vai mudar os rumos da minha vida.
Passou tão rápido desde que meu nome estava no edital dos selecionados que agora já faltam menos de 20 dias para a viagem, nem vi o tempo passar porque durante esses últimos cinco meses estive organizando papéis que dariam início ao sonho. Dentre eles, está o plano de estudos, o encaminhamento do visto português, seguro-saúde, a compra de passagem e euro.
Mesmo que não tenha percebido o tempo passar, tenho vivido diariamente ‘a base’ de uma mistura deliciosa de euforia, nervosismo, agitação, adrenalina, sentimentos que antecedem os ajustes para dar ‘play’ ao desejo que comece logo, logo! (Meus amigos imaginários já gritam de tanta felicidade.)

Se pra você é um sonho fazer intercâmbio acadêmico, é importante ficar ligado aos prazos de conclusão de curso estipulados pela sua universidade, para que não perca a oportunidade. Lembre-se de sempre buscar o coordenador da graduação em que está matriculado para que ajude na montagem do plano de estudos (a chance de dar algo errado é menor). Nessas horas, a boa frequência na faculdade conta pontos, assim como as boas médias. Na Univates, podemos escolher duas opções na hora da inscrição. Escolhi Leiria (dez vagas) e na Universidade do Porto, no Porto, (duas vagas por curso). Leiria é sempre um dos destinos mais concorridos, pois oferece três bolsas integrais que incluem as disciplinas, alimentação e alojamento, o restante é apenas de disciplina.
Antes que tudo isso comece, preciso respirar fundo, contar até três para ter coragem de terminar de arrumar a mala. Ah, você deve estar pensando que isso é uma tarefa fácil, bem pelo contrário, quando você não sabe o que levar. Menos mal se arrumar a mala fosse a minha maior dor de cabeça.
Mas não.
Quem está escolhendo Portugal como destino para essas experiências de estudos, principalmente, está enfrentando problemas com o visto. O documento está demorando em média 70 dias (esse foi o prazo repassado pelo responsável pelo Vice Consulado de Portugal em Porto Alegre), ou seja, o meu ainda não chegou e estou controlando a ansiedade a respeito disso. As orações estão voltadas para que a campainha toque e seja o carteiro com o documento. Eu sei, é preciso ter calma, mas já vi muitos estudantes da Univates enfrentarem problemas pelo atraso, então é importante se programar.
Aqui dentro é uma mistura de sentimentos, como a minha mala onde levo um pouco de cada coisa. O próximo texto deve ser diretamente de terras portuguesas, cheio de novidades e contando como foi a despedida aqui no Brasil. Aposto que os sentimentos já estarão esclarecidos, ou não?