Não penso que tenha um momento ideal, um contexto certo ou algo concreto que deva acontecer para uma mulher decidir engravidar. Gerar uma vida, por vezes, independe da nossa constante necessidade de planejar e programar as coisas. Concordo que possam haver momentos ou contextos mais apropriados para que aconteça, onde as coisas sejam mais fáceis de gerenciar. Porém, costumeiramente vemos que muitas vezes esse acontecimento não ocorre quando muitas de nós planejamos, e sim, quando Deus, o destino ou acaso permite (cito os três porque crenças são muito particulares e sempre são certas para cada uma).
Acredito que ter um filho sempre acontece na hora certa, com planejamento ou não. Afinal do que se trata planejar um filho? Por vezes me questiono se somos capazes de ‘programar’ acontecimentos tão mágicos e milagrosos como gerar uma vida?
Minha primeira gestação, a Melissa, ocorreu numa fase da minha vida que eu imaginava que tinha muitas coisas para organizar ainda (planejava comprar casa, crescer profissionalmente, casar, viajar, etc…). Mas hoje percebo que foi justamente a chegada dela que ajudou a por tudo em ordem e fazer acontecer tudo isso e mais um pouco. Nossa vida será eternamente um abrir e fechar gavetas… nunca todas as coisas estarão prontas, e nesse desenrolar todo, só haverá um momento em que todas se encerrarão.
Não sei do que se trata organizar tudo para que um filho chegue. Para mim as coisas não aconteceram assim (para muitos também acredito que não), mas não tenho dúvidas de que aconteceram no momento exato que tinham que acontecer. E com você há de acontecer também, seja dentro de um devido planejamento ou não. Por vezes se fala sobre maturidade e estabilidade como marcos importantes para a maternidade, mas quem disse que elas não podem ser interferidas uma pela outra, e uma trazer a outra consigo?Talvez nossa vida não seja organizada por fatos que antecedem um ao outro, numa rígida ordem de acontecimentos ditos ‘certos’ ou apropriados, mas justamente acontecem da forma como devem acontecer.
Minha segunda gravidez ocorre num momento muito diferente da minha vida, mas ainda com coisas a serem organizadas e planejadas. E hoje no finalzinho da segunda gestação vejo o quanto se repete essa sensação de que as coisas acontecem no momento exato para serem ‘certos’.
Planejar e programar a chegada de um filho talvez vá além da nossa racionalidade e da nossa intencionalidade. Para algumas funciona e é certo. Para outras gerar uma vida acontece como uma surpresa ou um susto, e não é por isso que deixa de ser certo. Para outras não acontece e nem por isso deixa de ser certo também. Na verdade, acredito que ter um filho passa por questões que nos fogem, passa por sentimentos que nos angustiam, nos deixam na expectativa, nos frustram, mas que mesmo assim acontece como há de ser. Acontece numa lógica não humana que talvez não possamos prever.
Acredito que somos os condutores da nossa vida, mas há um tempo que precisamos ‘descansar’ e ‘alguém ou alguma coisa’ assume esse lugar. Não é porque piscamos que perdemos o foco. Existe algo que nos mantem no caminho exato que há de ser. O tempo de cada uma no que se refere à maternidade é o tempo em que as coisas acontecem.
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