Como diz o ditado, “ser mãe é padecer no paraíso”. É uma sensação única e indescritível, é lindo e mágico, mas nem por isso deixo de me sentir cansada, confusa e com medo. As fotos nas redes sociais das mães esbeltas, sorridentes e incansáveis me incomodam, porque eu gostaria de ser assim, perfeita. Toda mãe gostaria de ser. Mas não somos, ainda bem. Nem um filho imperfeito suportaria psicologicamente uma mãe perfeita.

Não foi a toa que mês passado perdi o prazo para escrever para esta coluna. Para organizar a vida dos filhos, principalmente com a chegada de um bebê, acabei “desorganizando” minha vida, para poder reorganizá-la, agora, com um novo integrante, no meu caso, o Matheus.

Foto: Arquivo pessoal / Tudo & TodasTudo na vida é temporário. Hoje eles estão no nosso colo, um dia nós poderemos estar no colo deles
Tudo na vida é temporário. Hoje eles estão no nosso colo, um dia nós poderemos estar no colo deles

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A dependência do bebê nos primeiros meses exige da mãe dedicação, paciência e muita energia. Imagina com dois! Mesmo que a Melissa tenha 4 anos, imaginávamos que ela poderia regredir em alguns processos de autonomia. E realmente isso aconteceu. Do ponto de vista da psicologia é natural que quando as crianças se sintam inseguras regridam para um estágio anterior para buscar maior segurança. Agora ela quer nossa companhia para ir ao banheiro, escovar os dentes, trocar de roupa, por vezes até para comer… coisas que antes ela fazia com mais frequência sozinha.

Como sou autônoma já voltei ao trabalho em alguns turnos. Então além de estar com meus filhos tenho questões do trabalho a resolver e estudar. Hoje enquanto escrevo, embalo com um braço o Matheus e fico de olho na Melissa, que brinca de massinha ao lado, porque neste momento estou sozinha em casa com os dois.

Foto: Arquivo pessoal / Tudo & Todasmmm
Ser mãe exige dedicação e envolvimento e consequentemente, uma adaptação à rotina e às mudanças de prioridades.

 

Quem é mãe ou convive com crianças pequenas sabe: quando você pensa que vai dormir o bebê acorda, quando é hora do almoço parece que eles adivinham. Esses dias li que parece não ser a toa que a partir do segundo mês o bebê sorri, como se fosse uma forma natural de auxiliar os pais a lidar mais facilmente com o cansaço que chega mais forte no segundo mês.

Aprendi a não me iludir com relatos perfeitos e fotos “filtradas” das redes sociais, e aceito minha condição imperfeita de às vezes não saber das coisas, de estar exausta, da casa estar uma bagunça, do meu cabelo estar despenteado e de não poder controlar o resultado de todas as coisas. Assim, talvez eu esteja conseguindo ser mais leve no dia a dia e não levar as coisas tão a sério.

A maternidade me ensinou coisas que eu jamais imaginara aprender e me oferece a cada dia novas experiências. Ser mãe é aprender a doar seu tempo para outro ser humano, que ainda impotente depende da sua disponibilidade e do seu amor. Amor esse que retorna das mais variadas formas e que hoje é o maior sentido da minha vida. Obrigado meus filhos por me ensinarem tanto e serem meus companheiros nessa jornada imprevisível e linda.